TERRA DO NUNCA
(Lucapajuli)
TERRA DO NUNCA
A violência não para de crescer. A violência aqui é endêmica. Seus efeitos são sentidos em todos os segmentos da sociedade. Ninguém consegue contê-la. O bandido só deixará de delinqüir quando souber da existência de um sistema prisional capaz de puni-lo. O sistema existente é inútil, inoperante, obsoleto.
Uma justiça emperrada, assoberbada com infindáveis recursos, tardia, muitas vezes corrupta, não contribui para mudar o que todos estão vendo. Nela há setores que mesmo não dando conta de suas tarefas, botam o bedelho para aparecer na mídia. Palpiteiros como a turma do “deixa disso”, dos representantes das “minorias” ou dos “direitos humanos”, apenas atrapalham e agravam situações já deterioradas e caóticas.
Ao sintonizar as emissoras de rádio, a violência bate nos ouvidos, enquanto a TV mostra a morte circulando pelo trânsito, na favela e no morro, nos bares e botequins, na beira-mar, na periferia ou no centro. Jornais e revistas exibem todo tipo de delitos. As notícias não causam mais nenhuma surpresa, são repetitivas, rotineiras.
Autoridades não conseguem conter a bandidagem que toma conta, o que vem causando indignação, principalmente pela impunidade. Para tapar o sol com a peneira elas inventaram o famigerado Estatuto do Desarmamento, acreditando que a população será desarmada e a criminalidade diminuída. Depois de derrotado em plebiscito popular e baixada a poeira, o poder central volta a exaltar os “benefícios” desse estatuto.
Pergunta-se: ---E o bandido, vai ser desarmado ? ---Quando ? ---Depois de roubar, torturar e matar ?
O governo central nunca mostrou -porque não tem- uma política para combater a criminalidade. Mesmo assim, tenta encobrir tal fato com apoio na lei do desarmamento. O governo achou a solução mais barata e mais fácil: tirar a arma do povo. Ele mesmo sequer consegue (porque não quer...) tirar celular do bandido no presídio.
Aqui, já se vive há muito tempo numa “terra do nunca”, bem diferente daquela do filme “Em busca da terra do nunca”, onde o faz de conta traz felicidade e emoção.
Nesta “terra do nunca”, assiste-se aumentar seqüestros de empresários, ricos ou pobres, de crianças, de escolares e até de bebês. Os “sem terra” e outros “sem...” são incentivados a invadir propriedade alheia e se o dono revida, quando não é morto, aparecem os palpiteiros. Aumentam os estupros à mão armada. Assaltos, seguidos de morte, de motoristas ocorrem nas cidades e nas estradas. Multiplica-se o roubo de carga. Os agentes do tráfico atacam em todo lugar. A corrupção corrói as instituições públicas e privadas.Turistas são mortos por uns trocados. Quadrilhas invadem prédios e apartamentos e passam o pente fino. Ônibus são tomados de assalto e roubados os passageiros. Qualquer carinha da favela, do barraco ou do barranco, da enchente, da motoca, dos sindicatos, do táxi, do caminhão, da van ou do “bumba”, formam bandos para protestar, provocando paralisação de serviços inadiáveis e congestionamentos odiosos de vias públicas, com prejuízos inestimáveis à população, a polícia batendo palmas ou “acompanhando de perto. ..”!
Crimes são praticados a todo instante. Jamais se viu a vida humana ser tão banalizada. Esse estado de coisas lamentável vai continuar, até porque não se pode esperar nada de quem detém o poder, mas não consegue controlar “greve de polícia”, nem “greve de servidor público”, nem debandada de policiais de alto coturno. Como o poder é originário de partido político, outrora, dos mais críticos, contestador em tudo, hoje só faz marola, quando incentiva práticas ilícitas, como a dos “sem terra...”, que em breve poderão, autorizados por MP no prelo, invadir e contar tempo, nessa “atividade” para aposentadoria ou quando acena para os negros, dando-lhes “entrada grátis” para a universidade...
Outro dia um amigo foi chamado às pressas porque um dos confrontantes da sua propriedade rural estava arrancando a cerca e mudando-a de posição. A cerca fora feita dentro da sua propriedade e por sua conta. Nem precisava porque há um rio que separa os confrontantes e serve até de divisa entre dois municípios. Perguntado qual a razão da mudança, o infrator respondeu na “cara dura” que estava só “arrumando” a cerca... Muito estranho! A cerca não era dele e fora erguida em terreno do meu amigo, que não teve dúvidas: ligou para a autoridade policial. A resposta veio rápida: esse é um problema que o senhor terá de resolver na justiça, a polícia não tem nada a ver com isso. Inconformado, meu amigo respondeu: então se eu mandar meu administrador para defender minha cerca com uma calibre doze cano curto e acontecer alguma coisa, poderei dizer que a polícia não quis saber do assunto? Prontamente foi enviado um carro de polícia para interromper a conduta ilícita do vizinho e lavrar o boletim de ocorrência, que ensejou a ação judicial cabível.
A justiça, lamentavelmente, está mais preocupada com o social, ao invés de fazer com que a lei seja cumprida. Enquanto não se praticar melhor justiça, não se impedir que o forte oprima o fraco, não se levantarem os homens de bem, hoje passivos, contra essa situação deplorável de insegurança, não se colocar criminosos na cadeia, não se romper os grilhões com o passado histórico de exploradores, de ladrões, de assassinos, de governantes e de políticos desonestos e corruptos, esta continuará sendo uma “terra do nunca”.
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