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Por amor a Che
(Ana Menéndez)

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Uma adolescente cubana, criada por seu avô num subúrbio da parte ocidental de Miami, questiona-o com insistência em relação a seus pais. Deles, sabia unicamente de forma vaga, que o pai morrera na prisão e por desgosto a mãe mandara-a para fora do país, talvez em 1963/64, época turbulenta em Havana durante a consolidação do poder revolucionário castrista. Uma tarde, no regresso a casa, muito depois da morte do avô, a sua decisão de abandonar a universidade e algumas viagens a Cuba com o objectivo de encontrar alguma pista dos pais, recebe um embrulho expedido desde Espanha, sem remetente e com vestígios de ter sido feito há alguns anos atrás. O estranho embrulho, composto de fotografias antigas, recortes de jornais e cartas que eram memórias soltas relembrando factos, personagens e locais emblemáticos de Havana nos anos 50 e 60: a fuga de Fulgêncio Batista no final do ano de 1958 e uns dias depois a entrada triunfal dos revolucionários na capital, El Encanto –uma elegante cadeia de lojas de moda-, a destruição do El Tiempo -o jornal de Rolando Masferrer- (“Fidel Castro, do menino ao guerrilheiro”), a revista Bohemia –célebre magazine de actualidades-, José António Echeverria e Eduardo Chibás. Teresa, a autora das cartas, assumindo-se como mãe da jovem descreve, entre outros pormenores, a sua relação com o esposo, Calixto de la Landre e um suposto romance secreto com Che Guevara (“ Che Guevara, como se constrói uma lenda”). À medida que lê os manuscritos, a adolescente agora já adulta e de quem nunca se vem a saber o nome, vai tomando conhecimento das características fisionómicas, sociais e culturais de seus antepassados próximos, além do grande amor que a mãe nutre por ela e a justificação do que a levou à decisão de enviá-la para fora de Cuba. Fica então sabendo que sua mãe foi uma jovem pintora muito atraente, de gostos requintados, descendente de família abastada, casada com um homem muito mais velho que ela, linguista e professor universitário. No final dos anos cinquenta viviam em El Vedado, numa casa doada por seu avô materno e governada por Beatrice. Sentimentos confusos ocorrem-lhe após o visionamento do conteúdo do embrulho, incluindo uma forte vontade de o deitar fora. No entanto, a curiosidade e a obsessão em conhecer detalhes de sua família, principalmente da mãe, fazem-na retroceder no seu impulso e decide voltar uma vez mais a Havana, pelo que estabelece um plano para o qual espera poder contar, inicialmente, com o apoio de algumas personalidades residentes em Miami e que de alguma forma estejam ligadas a Cuba. Apoiada no único elo que a liga ao passado, um pedaço de papel com um poema de Pablo Neruda, Carta pelo Caminho, que o avô encontrara preso à sua roupa quando saíram de Cuba e sabendo agora o apelido paterno, contacta a doutora Caraballo, sua antiga professora de História de Cuba na Universidade de Miami. Este contacto vai deixá-la confusa, pois a professora baseada no facto de que o poema só poderia ter sido do conhecimento público em data posterior à fuga de seu avô, põe em causa a veracidade dos factos narrados nos manuscritos. Descreve-lhe também o relato de um suposto relacionamento do Che com Lilia Rosa Perez do qual terá nascido em 1963 ou 64, uma criança, mas... rapaz. Além disso, naquela data a jovem já estaria fora de Cuba. Quanto ao apelido de la Landre é, para si, totalmente desconhecido. Esperançada na obtenção de algumas pistas, entra em contacto com Ileana, uma aficcionada de arte cubana e com Jacinto Alcazar, agora exilado, velho revolucionário e antigo fotógrafo que, não só combatera nas montanhas ao lado de Fidel e Che, como teria também apoiado nas cidades, o Directório Revolucionário dos Estudantes. Tentativas infrutíferas, porque nenhum dos contactos lhe trouxe qualquer informação importante. Mas iniciara uma busca que teria de levar até ao final. Agora sabia que tinha de voltar a Havana e vai fazê-lo. Contrariamente a anteriores procedimentos, decide solicitar um visto para viajar legalmente para a ilha, indicando como familiar Teresa de la Landre com morada desconhecida. Para seu espanto, o visto foi concedido.
No aeroporto internacional de Miami, quatro horas antes da partida, as habituais e barulhentas aglomerações dos voos charter para Cuba, que normalmente não estão sinalizados: vozeria intensa, quantidade descomunal de bagagem e a decolagem atrasada muitas horas. Finalmente em Havana, na saída do aeroporto e depois de ter recebido um convite para um encontro por parte do jovem e bem-parecido agente aduaneiro que a recepcionou, toma um desengonçado táxi e ruma ao hotel Habana Libre.

Três dias antes da data prevista para a sua partida, desiludida com a nulidade de seus esforços para encontrar o rasto de sua mãe e desgastada com a tendência dos cubanos para falar de qualquer coisa excepto do assunto que interessava, é abordada por uma jovem que lhe murmura:
- És tu que procuras Teresa de la Landre? Sou filha da mulher que trabalhava para a senhora que penso ser aquela que procuras, a Matilde e não Beatrice.
Enquanto falava, tirou da carteira uma folha de papel amarrotado onde tinha sido cuidadosamente manuscrito, embora debotado mas numa caligrafia familiar, um poema de Pablo Neruda: Carta pelo Caminho...



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