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“Tocata e Fuga para o Estrangeiro”, de Julia Kristeva (Parte 1)
(Julia Kristeva)

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“Tocata e Fuga para o Estrangeiro”, de Julia Kristeva (Parte 1) é o primeiro capítulo do livro Estrangeiros para nós mesmos. O capítulo é composto por vinte e quatro enxertos, ou tópicos, muitos com menos de uma página. Kristeva marca na própria textualidade, não apenas na temática, a condição de estrangeiridade, já que por meio da fragmentação formal expressa-se uma noção de ausência de centramento desse estrangeiro. Estrangeira em Paris, cidade que (a) adotou para viver, estrangeira na escrita e na concepção de um mundo descentrado, posicionamento pós-estruturalista assumido a partir da década de 1970.
Kristeva nasceu na Bulgária em 1941, mas mora na França desde 1966, iniciou-se na semiótica e enveredou pela psicanálise e pelo pós-estruturalismo. Seguiu o percurso de uma estrangeira. O texto de Kristeva possibilita entrever um modo de escrita que é ao mesmo tempo crítica literária, o que a aproxima do último Barthes, da fase da ecriture. Aspecto exemplificado na leitura dos livros O Estrangeiro, de Albert Camus, e La vraie vie de Sebastien Knight, de Vladimir Nabokov se abrem como espaços de criação, textos “redigíveis” (scriptibles). Nos dizeres de Terry Eagleton (1983, p.148), acerca de Barthes: os textos (...) “redigíveis”(scriptible) (são) textos que estimulam o crítico a modulá-los, a transferi-los para discursos diferentes, a produzir o seu jogo semiarbitrário de significado a despeito da própria obra. Julia Kristeva, nesse sentido, elabora uma crítica que joga com os textos “originais” e produz teorizações acerca das ambigüidades e contradições do exílio e do sentimento constante de estrangeiridade.
Em “DissemiNação”, Homi Bhabha critica a ensaísta por que esta idealizaria os Prazeres do Exílio, e não perceberia como a sombra da nação se projeta completamente sobre a condição de exílio (BHABHA, 1998: 200). Contudo, parece-nos, o sentimento de estrangeiridade descrito por Kristeva parece ser distinto daquele delineado por Bhabha. A ambigüidade do termo “Estrangeiro”, tanto em português quanto em francês, possibilita um jogo textual já a partir do título do capítulo. O termo pode exprimir tanto o estado de ser quanto o lugar que se ocupa. A estrangeiridade iria além do sentido de deslocamento geográfico, pelo menos neste texto de Kristeva. Seria um sentimento de estranhamento do ser. O sentir-se estrangeiro ocorreria mesmo na terra natal – o tipo de comunidade de “vida e de destino” que Zygmunt Bauman afirma ter-lhe sido negada (2005, p. 17). Este estranhamento pode ser exemplificado pela estrangeiridade de Mersault, em Camus. Um estrangeiro em seu próprio país e comunidade. Já em Bhabha, o estrangeiro parece ser principalmente o híbrido, que deslocado no espaço elabora a tradução entre culturas que são por vezes dissonantes. Um estrangeiro diaspórico que ocupa um Local da Cultura outro e precisa constantemente reencenar seu entre-lugar nas margens da Nação Moderna.
Fim da parte I – continua...
Palavras chave: Julia Kristeva, Estrangeiros para nós mesmos, tocata e fuga para o estrangeiro, literatura, Hommi Bhabha, DissemiNação, Bauman, Terry Eagleton

Vander Vieira de Resende
[email protected]



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