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A Criação do Universo Não Foi Aleatória
(Stephen W. Hawking)

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Se a Terra fosse plana, daria na mesma dizer que a maçã poderia ter caído na cabeça de Newton graças à gravidade ou porque a superfície da Terra e Newton estavam acelerando para cima. Essa equivalência não funcionava para uma terra esférica porque pessoas em lados opostos do mundo estariam se afastando umas das outras. Porém, no retorno a Zurique, em 1912, Einstein teve o estalo de perceber que a equivalência funcionaria se a geometria do espaço-tempo fosse curva e não plano, como se tinha suposto até então. Sua idéia era que a massa e energia deformariam o espaço-tempo de alguma maneira a ser ainda determinada. Objetos como maçãs ou planetas tentariam mover-se em linha reta através do espaço-tempo, mas suas trajetórias pareceriam arqueadas por um campo gravitacional porque o espaço-tempo é curvo. Einstein e Marcel Grossmann escreveram um artigo em conjunto, em 1913, no qual apresentaram a idéia de que aquilo que concebemos como forças gravitacionais é apenas uma expressão do fato de o espaço-tempo ser curvo. Eles não conseguiram encontrar as equações que relacionavam a curvatura do espaço-tempo à massa e à energia dele. Não obstante, o próprio Hilbert admitiu, o mérito pela nova teoria pertencia a Einstein: foi sua idéia de relacionar a gravidade com a deformação do espaço-tempo. A nova teoria do espaço-tempo curvo foi denominada relatividade geral, para distinguir-se da teoria original que não falava sobre a gravidade, conhecida como relatividade restrita. Sendo assim, a luz de uma estrela passando perto do Sol, é desviada pela forma como a massa do Sol curva o espaço-tempo. Isso produz uma ligeira mudança na posição aparente da estrela. Foi uma evidência direta de que o espaço e tempo são deformáveis, e isso provocou a maior mudança na percepção do universo onde vivemos desde que Euclides escreveu os Elementos da geometria, por volta de 300 a.C,. A Teoria da relatividade geral de Einstein transformou o espaço e tempo de um palco passivo onde os eventos ocorrem a participantes ativos na dinâmica do universo. O universo está repleto de matéria, e a matéria deforma o espaço-tempo de tal maneira que os corpos são atraídos uns em direção aos outros. Einstein descobriu que suas equações não tinham uma solução que descrevesse um universo estático, inalterável no tempo. Insistiu nessa posição e modificou as equações originais, acrescentando um termo denominado constante cosmológica, que deformava o espaço-tempo no sentido oposto, de modo que os corpos se afastassem um dos outros. Essa foi uma das grandes oportunidades perdidas pela física teórica. Se Einstein tivesse insistido em suas equações originais, teria previsto que o universo deve estar se expandindo ou contraindo. Essas observações revelaram que, quanto mais longe outras galáxias estão de nós, mais rapidamente estão se afastando. O universo está se expandindo, e a distância entre duas galáxias quaisquer aumentam continuamente com o tempo. Essa descoberta eliminou a necessidade de uma constante cosmológica para que fosse possível obter uma solução estática para o universo. Mais tarde Einstein, considerou sua constante cosmológica o maior erro de sua vida. A relatividade geral mudou completamente a discussão sobre a origem e o destino do universo. No entanto, se as galáxias estão se afastando agora, significa que deve ter estado mais próximas umas das outras no passado. Há cerca de 15 bilhões de anos, todas teriam estado umas sobre as outras, e a densidade teria sido enorme. Esse estado foi denominado átomo primordial pelo sacerdote católico Georges Lemaître, o primeiro a investigar a origem do universo que agora chamamos de big-bang. Hawking e Penrose conseguiram mostrar que a relatividade geral prevê que o universo começou no big-bang. Assim, a teoria de Einstein implica que o tempo tem um começo, embora a idéia nunca lhe tivesse agradado. Hawking e Penrose mostraram também que a relatividade geral previa que o tempo não existia dentro de um buraco negro, tanto para a estrela como para qualquer astronauta que tivesse o azar de cair dentro dele. Porém, tanto o início como o fim do tempo seriam lugares onde as equações da relatividade geral não poderiam ser definidas. Assim, a teoria é incapaz de prever o que deveria emergir no big-bang. Houve quem visse isso como um sinal da liberdade de Deus para começar o universo como quisesse, mas outros sentiram que o início do universo deveria ser governado pelas mesmas leis sustentadas em outras épocas. A razão por que a relatividade geral perde validade no big-bang é sua incompatibilidade com a teoria quântica, a outra grande revolução conceitual do início do século XX. Einstein continuou pesquisando na idéia quântica durante os anos 20, mas ficou profundamente perturbado com o trabalho de Werner Heisenberg, em Copenhague, de Paul Dirac, em Cambridge, e de Erwin Schrödinger, em Zurique, que desenvolveram um novo quadro da realidade denominado mecânica quântica. Partículas minúsculas não possuíam mais posição e velocidade definidas. Ao contrário, quanto mais exatamente for determinada a posição de uma partícula, menos exatamente será determinada a sua velocidade, e vice-versa. Einstein ficou horrorizado com esse elemento aleatório, imprevisível nas leis básicas, e nunca aceitou plenamente a mecânica quântica. Seus sentimentos foram expressos no famoso dito: “Deus não joga dados”.



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