A rica herança de um povo esquecido
(Isabelle Leite)
Quem nunca saboreou uma boa feijoada preparada em panelas de barro, e nunca provou do delicioso sabor dos mariscos trazidos do mangue, eu particularmente não abro mão, hoje com meus 24 anos, fui lançada hironicamente pelo destino em uma cidadezinha do interior da Bahia, chamada Maragojipe, que reune todos esses sabores de uma forma peculiar. Pude viver o calor desse povo, a hospitalidade, o amor, a fé e também a união e confesso foi amor a primeira vista, a cidade é encantadora, há algo mágico que me fascina. Devem estar me perguntando nesse momento: o que isso tem a ver com a humanidade? Já explico. Por trás desses deliciosos sabores e esculturais panelas, se esconde a dura realidade dos moradores dessa cidade, inclusive crianças, que têm que acordar de madrugada e retornar muitas vezes à noite ao seu lar, trazendo nas mãos, os cortes do garimpo; no corpo, a lama do mangue; no rosto, o suor de um dia arduó; e nos lábios, o sorriso, o sorriso de quem nunca perde a esperança. São sobreviventes que herdan de seus pais, e passam para seus filhos, o dom de transformar o barro em verdadeiras obras de arte, como as panelas, que chegam a muitas mesas e que trazem consigo o segredo do verdadeiro sabor da culinária. Infelizmente muitos deles para ter o pão de cada dia trocam o livro pelo garimpo, os brinquedos pelo trabalho pesado, a liberdade pela escravidão. É de se espantar saber que um país tão rico como o Brasil, deixa à margem da sociedade, pessoas como essas. Muitas vezes coloquei em pauta a palavra "liberdade" e acreditem eu só a vejo na teoria, talvez não consiga ter tempo suficiente para vê-la na prática.
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