O ID E O INCONSCIENTE COLETIVO
(Rodrigo Zanatta)
Neste artigo é abordado a aproximação de termos aparentemente distintos um do outro - tanto no nível da experiência quanto no de sua teorização – id, ego e superego - na medida em que os termos trazidos a tona em título também sugerem campos conceituais diferentes. Ao nos aventurarmos por essas fronteiras ainda pouco exploradas, devemos sempre manter vivo o fato de que, ao contrário do que aparece às mentes, as palavras não são as coisas, e que estas últimas recebem de nós nomes que não raro nos levam a confusões quanto ao uso que fazemos dos conceitos, quando fora do campo no qual foram forjados. No artigo aparece um exemplo que facilita o entendimento deste conceito: , João, filho de José e Maria, não é o mesmo João, filho de Antônio e Fátima, simplesmente por serem chamados pelo mesmo nome. E aquele que observa fica num impasse ao tentar determinar os traços de personalidade e características físicas de João, sem saber que por esse nome se designa pessoas diferentes. Ou, ao contrário, como se um sujeito que aqui é chamado por todos de João, acolá o é por Joaquim, o observador desavisado não consegue perceber que aquilo que é feito aqui por um e acolá por outro, segundo o testemunho daqueles que o nomeiam, por ter-se fiado nos nomes, é de fato feito pelo mesmo indivíduo. O autor do artigo diz ser necessário que ao invés daquilo que tem feito a maioria dos que tem se dedicado ao assunto "Freud e Jung", isto é, ao invés de nos perdermos num esvaziamento vão do sentido dos termos e disputarmos entre nós seus significados, fixemos o olhar nas coisas e exploremos suas variadas facetas através dos termos e descrições destas que nos são dados por nossos predecessores na psicologia do inconsciente. Assim as teorias podem deixar de ser doutrinas, e passar a ser instrumentos. O artigo traz também um histórico da teoria de Freud, diz que ele formulou a noção de "Id" apenas em 1923 para dar conta daquilo que até então aparecia na teoria como a massa total do inconsciente, é pelo fato de ser necessário destacar deste todo um conjunto de fenômenos dotados de uma dinâmica própria que, apesar de "plenamente inconscientes", devem ser diferenciados do restante do material inconsciente para se constituir, então, como o próprio "núcleo" deste. Sobre Jung o autor do artigo diz que, formulou o conceito de inconsciente coletivo quando este se defronta com uma universalidade de "simbolismos" à qual Freud se refere, fazendo-se assim necessário diferenciar um inconsciente "pessoal" e um "inconsciente coletivo". Não que Freud não estivesse a par dessa situação, e de fato, no período em que trocaram suas 700 cartas (aproximadamente), se encontravam freqüentemente discutindo esta questão. Mas não havia ainda se dedicado a uma pesquisa mais extensa nesse campo. O autor do artigo conclui dizendo que as importantes contribuições a esse assunto nos tem sido dadas recentemente pelo desenvolvimento das neurociências e da ciência cognitiva. Por exemplo, a questão da idéia de Deus é analisada pelo neurocientista Eugene d''''Aquilli, em texto que traduzimos recentemente (Bases neuropsicológicas da religião, ou porque Deus não se vai?).
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