O Grande Mentecapto
(Fernando Sabino)
"Todo aquele, pois, que se fizer pequeno como este menino, este será o maior no reino dos céus."
Fernando Sabino é um autor contemporâneo dos mais importantes. Sua capacidade descritiva faz com que o leitor, além de se divertir com a complicação da trama, consiga visualizar a cena criada pelo narrador. Por causa disso cresce a cada dia a importância de sua obra no cenário da Literatura Brasileira. Este romance foi escrito em 1979, o Autor tece uma trama com a nítida intenção de homenagear as pessoas humildes, simples e puras. É evidente a vontade de elevar os puros, os inocentes e os ingênuos. Segue a linha de o Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes -, em que o personagem desloca-se por um espaço indefinido, à procura dos conflitos, para resolvê-los heroicamente.
Viramundo vive uma seqüência de peripécias acontecidas no Estado de Minas Gerais, contracenando com personagens dos mais variados matizes e comportando-se sempre como o bem-intencionado, o puro, o ingênuo submetido às artimanhas e maldades de um mundo que ainda não está de todo resolvido. Andarilho, louco, despossuído, vagabundo, idealista. Marginal em uma sociedade que não entende e em que não se enquadra, o Viramundo instaura um sentimento de ternura e de pena por todos aqueles que, em sua simplicidade, sofrem o descaso, a ironia, a opressão e a prepotência. Viramundo entende que o mundo é uma grande metáfora e o trata com idealismo como se ele fosse real. Consertar o mundo é sua missão e ele se dedica a ela com toda a força de sua decisão, não se deixando abalar pelo insucesso, pelo ridículo, pela violência ou pelo vitupério. Em seu delírio, o irreal e o real andam juntos.A pureza deste aventureiro é a crítica à hipocrisia das relações humanas em um mundo que perdeu o sentido da solidariedade e da fraternidade. Sua alegria ingênua e desinteressada opõe-se ao jogo bruto dos interesses mesquinhos, conservadoristas e arrogantes. Porta-voz dos loucos, dos mendigos, das prostitutas, o Viramundo conhece os meandros da enganação e da falsidade dos políticos e dos poderosos. A crítica à mesmice, ao chavão e ao clichê faz-se pela presença da paródia a muitos autores e personagens historicamente conhecidos.
Há outro aspecto interessante que é a exploração da temática da loucura. A obra parece convidar o leitor a uma reflexão sobre a origem e o convívio com a idéia da excentricidade do comportamento humano. Há no decorrer de toda a narrativa o questionamento da fragilidade dos limites entre a sanidade e a loucura. No limiar da consumação de sua caminhada, Viramundo mudou. Foi idealista e apaixonado durante muito tempo até encarar a dura realidade da convivência humana.
Por todo lado só encontra sofrimento, opressão, hipocrisia. Fica só, absolutamente só, e a solidão é tudo que lhe resta. A contextualidade bíblica é evidente: compara a trajetória e o comportamento de Viramundo com a Via-Sacra do Cristo, em todos os sentidos.
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