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Natureza e Enquadramento Epistemológico da Neuropsicologia (IV)
(El Patron)

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Os psicólogos da Gestalt (Marx & Hillix, 1979) mostraram-se interessados em fisiologia desde o início. Estes assumiram uma posição firme na relação entre psicologia e fisiologia, estimularam pesquisas e debates e reafirmaram a importância do desenvolvimento de tecnologias que permitissem observações mais pormenorizadas dos eventos cerebrais. Hebb é reconhecido pela sua teoria, em que, a relação funcional entre neurónios decorre da activação conjunta de uma estrutura difusa de células no córtex, constituindo um sistema fechado, capaz de manter-se integrado por um breve tempo. O prosseguimento da activação e ligação com outras redes, ocorrendo independente da estimulação externa, daria a base fisiológica para o pensamento. A teoria foi importante para sobressair o problema entre psicologia e fisiologia. Esta teoria encontrava-se na segunda metade do século XX, mas vamos agora voltar ao passado para recordar a história da quarta via, que será um pouco mais detalhada.
Na Antiguidade alguns médicos estavam cientes da enervação contralateral e da associação entre défice motor no hemicorpo direito e transtorno da linguagem. Galeno afirmava que uma lesão na cabeça podia levar à perda de memória das palavras. Médicos renascentistas levantaram a hipótese, diante de um caso de afasia após lesão cerebral, que o transtorno era provocado por fragmentos da calota craniana que penetrariam no cérebro. No entanto, o mais impressionante dos documentos mencionados por Benton (1971) é o trabalho Amnésia da Palavra do médico alemão Johann A. P. Gesner (1738-1801). Benton resume do seguinte modo a contribuição de Gesner: A ideação e a memória das palavras são duas coisas distintas: a ideação é evocada pela percepção dos objectos físicos e pela acção dos nervos sensoriais; a evocação das palavras segue a ideação que para ser produzida requer uma energia nervosa ou acção nervosa adicional. Por isso é compreensível que certas enfermidades do cérebro afectem a memória verbal, deixando intacta a ideação, de tal forma que o paciente chegue a pronunciar o nome do objecto, mesmo que, não seja capaz de reconhece-lo ou de compreender o seu significado.No final do século XXIII já se havia acumulado um razoável conhecimento sobre afasia. No entanto, o interesse pela busca das bases neurológicas era escasso, até que, Franz Joseph Gall (1758-1828) reverteu a situação, colocando a relação entre afasia e cérebro em primeiro plano, tornando-se assim um grande percursor da neuropsicologia. Os estudos de Gall podem ser caracterizados como um daqueles pontos nos quais as vias históricas se entrecruzam. Gall era um anatomista e, portanto conhecedor da fisiologia cerebral, um médico com experiência no atendimento a pacientes afásicos e um seguidor da escola da psicologia francesa das faculdades mentais. Trata-se de uma combinação de conhecimento fisiológico, psicológico e prática clínica. Para ele o cérebro é essencial para o exercício das faculdades, mostrando-se clara para ele a relação entre lesão frontal e transtornos afásicos. O principal oponente de Gall foi alguém que se baseou nele (Flourens, 1794-1867) que demonstrou que a frenologia estava equivocada. As experiências de Flourens mostraram que a remoção cirúrgica de partes do cérebro de pombos impedia a manifestação de certas funções apenas por um certo período. Com o passar do tempo tais funções recuperavam-se facilmente. Flourens evidenciou apenas a localização de funções motoras no cerebelo e das funções vitais da medula, não havendo evidências para as localizações descritas na frenologia. Apesar dos acertos de Flourens e dos equívocos de Gall, a neuropsicologia definida como o estudo do comportamento em relação à anatomia e fisiologia do cérebro (Lecours & Lhermitte, 1983), avançará pelas mãos dos seguidores da Gall e não por influência de Flourens. Jean Baptiste Bouillaud (1796-1881), um dos mais fervosos defensores das ideias de Gall, procurou provar como diferentes tipos de afasias estavam ligadas a distintas áreas do cérebro. Um estudo anátomo-clínico publicado em 1861 por Pierre Paul Broca (1824-1880) revelou a relação entre lobo frontal esquerdo e linguagem. Suas conclusões, baseadas em avaliações clínicas e estudos anatómicos e, em particular no estudo de dois pacientes e suas posteriores autópsias, são consideradas actualmente o marco inicial da neuropsicologia. Em 1865, Broca associou o hemisfério esquerdo com a produção da fala e com a ideia de dominância manual (Lecours & Lhermitte, 1983). Em 1874, no mesmo ano, que Wundt publicava Princípios da Psicologia Fisiológica, o neurologista alemão Carl Wernicke (1848-1905) descrevia a relação casual entre a lesão no primeiro giro temporal esquerdo e uma das formas clínicas da afasia, a afasia sensorial (Lecours & Lhermitte, 1983; Nitrini, 1996).



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