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MÃE
(J. BRITO SOUSA)

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Tenho uma fotografia tua, num quadro grande, por cima da minha secretária de trabalho. Nunca pensei que gostasse tanto de ti. És imprescindível na minha vida. Nos momentos de aperto é a ti que me dirijo. E tenho tantas saudades de ti Mãe. Até a própria palavra mãe contem em si mesmo esse timbre de saudade. Foste o meu guia. E eu fui tão mau para ti, Mãe. Agora que estou quase no fim da minha estadia, vêem-me à memória recordações da infância e vejo-te a acariciar-me os caracóis na cabeça e a dizer-me, João, são horas meu filho, levanta-te para ires para escola. E na ternura do teu olhar querias-me dizer tudo, incluindo do perigo que é nascer. E com a tua benção sempre concedida, mesmo quando eu me levantava de mau humor, preparavas-me para a vida. E dizias-me, vai meu filho enquanto eu desaprecia na primeira curva da estrada. Mas tu estavas sempre a ver-me, Mãe. Nesse tempo, ah... como eu gosto de dizer nesse tempo, porque era um tempo em que as Mães gostavam de gostar dos filhos. E tomava-mos do vosso peito o leite que nos ajudaria a crescer e mais tarde a viver. Enquanto estamos com a nossa Mãe temos sempre um colega que é ela, temos sempre um companheiro que é ela, temos sempre um amigo que é ela. É ela que nos ajuda a crescer ensinando-nos a ver os perigos da vida. Dessa vida que vamos encarar quando as Mães já não estão connosco. Mas de quem nos havemos de recordar sempre. O que foi que a professora disse hoje, João? E eu não sabia responder Mãe, porque a minha professora eras tu. Tudo o que me dizias era sagrado e verdadeiro porque uma mãe nunca mente aos filhos. Mesmo quando tu me dizias que era o Menino Jesus que punha as prendas no sapatinho que eu punha na chaminé, nem mesmo nesse dia tu me mentias Mãe. As Mães nunca mentem. Nesse tempo, ah... como eu gosto de dizer nesse tempo, um dia que tu não tinhas dinheiro para me comprar uma prendinha, puseste-me uns sabugos e umas batatas doces dentro da bota de cano alto que eu tinha colocado na chaminé para ter muitas prendas. E de manhã, quando me levantei fui à chaminé e fiquei com uma felicidade triste por tantas prendas que tinha recebido de ti Mãe. Mas são essas prendas que valem porque queriam dizer que tu achavas que eu também teria direito a ter prendas mesmo quando tu não tinhas dinheiro para as comprar. Ou se calhar com a inteligência que têm todas as mães, tu Mãe, não quiseste dar-me uma prenda que se visse claramente que tinha sido comprada na mercearia donde tu gastavas. Querias oferecer-me uma coisa da tua colheita, uma prenda resultado do teu trabalho, uma coisa onde o teu carinho e amor estivesse incorporado, um produto que tivesse a tua assinatura, cuja caneta de tinta permanente era a tua enxada. Lembro-me perfeitamente dessa prenda e do grande significado que ela teve para mim. E como eu gostei ainda mais de ti nessa manhã, Mãe. Porque nessa prenda que tu me colocaste dentro da minha bota de cano alto, eu, além das prendas, tinha também o teu abraço e o teu beijo de amiga, a dizer-me:- João, o significado está no gesto, nunca te preocupes com o conteúdo, repara apenas nas atitudes daqueles que te rodeiam. E nunca te esqueças que para se obter essas batatas e esses sabugos, é preciso muita canseira, muito suor e muita luta. E tu Mãe, como eu te reconheço como a minha referência maior, o meu modelo de sabedoria e honradez, que nunca deixaste de lutar para que eu fosse um homem. SOUSAFARIAS



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