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Amor é prosa, Sexo é poesia
(Arnaldo Jabor)

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SUZANE, 19 ANOS, BELA E RICA, MATOU POR AMOR*

*Suzane Louise Richthofen (19 anos) e seu namorado, Daniel de Paula e Silva (21 anos), foram acusados de assassinar os pais dela, em outubro de 2002. Segundo a jovem, ela matou os pais por eles não aprovarem seu namoro.

Arnaldo Jabor em sua crônica discute, disserta e tenta achar uma solução, uma explicação, qualquer coisa ou motivo para tamanha atrocidade, assassinar os próprios pais, à noite, enquanto dormiam. “Este crime horrorizou todo mundo, até os assassinos na cadeia se chocaram ele diz.”

Em seu texto, ele coloca muito bem fatores psicológicos e sociais e vou mencioná-los logo abaixo, segue:

O crime de parricídio e matricídio premeditado durante o sono é mais que um crime; é uma viagem ao desconhecido, é o desejo de atingir um recorde supremo. Não há nada pior. Que delito Suzane e seus cúmplices poderiam considerar mais hediondo? Suzane está no topo, nada há além dela. Ela nos aterroriza com sua crueldade. Os dois monstros boçais ainda dá para entender: queriam grana, motocas e tatuagens, filhos dessa geração de shoppings e violência.

Ela, não. Precisamos encontrar explicações para ela, senão ficamos ameaçadíssimos. O crime sem motivo nos desorganiza. Se ela, jovem, bela e rica, matou, que será de nós?

O crime sujo na favela apenas nos dá medo. O crime limpo e rico nos desampara, nos dá vertigem. Suzane nos leva à beira da loucura, mas ela não é louca. Então, ela matou por que? – perguntamo-nos. Isso é que fascina e apavora no psicopata: ele toca em nosso mistério. Vizinhos e amigos sempre dizem: “Eram doces, educados, tímidos...” Até a hora em que metralham espectadores num cinema ou matam pai e mãe dormindo.

Por isso os psiquiatras buscam “causas”, como se a vida social fosse um contrato de bom senso, como se fôssemos animais racionais e a loucura, um “desvio”, É o contrário: a sociedade é que é um desvio.

Mas mesmo os psicopatas precisam de uma razão maior para justificar o crime. “Matei por amor. ..” diz a menina de 19 anos, fina bonita e universitária. No entanto, esse amor que a menina invoca é outro “amor”. Ela e todos nós precisamos “justificar” esse crime. Ou seja, deve haver um motivo para se matar a mãe. Ela também precisa de um motivo, pois ela não sente culpa porque matou. Ela matou justamente para preencher um grande vazio em seu mundo interno, matou para atravessar um deserto afetivo, matou porque não sentia culpa, matou por vingança de não sentir culpa, matou até para tentar sentir alguma culpa, sentir até algum... amor.

Arnaldo Jabor diz ainda que esse crime seria uma espécie de conquista de Poder, o poder de estar acima dos sentimentos, da justiça, o poder de viver sem sociedade em volta...

Ele acha que ela buscava o “amor” da hora. É o amor que nos grita de dentro do comércio, do consumo, que nos chama de dentro de um narcisismo impossível de ser satisfeito, um amor que consome tudo, querendo uma felicidade absoluta, com a abolição de todos os vínculos, todas as barreiras do “Édipo”, todos os deveres sociais. Suzane quis fazer um gesto imperdoável para sempre, absoluto, livre para sempre da condição humana, quis o sangrento incesto invertido com os pais deitados na cama onde ela foi (talvez?) feita.

Acho que Arnaldo Jabor está absolutamente certo em tudo que diz sobre os motivos que levaram Suzanne a cometer esse crime hediondo e também com relação a sociedade estar tão narcisista e de estarmos cercados de uma imensa boçalidade cultural.

Arnaldo encerra sua crônica dizendo que Suzane é psicopata, mas nossa sociedade também o é. Não há explicações para esse crime. Não adianta procurar causas, traumas. Esse crime ficará sempre em aberto. Misterioso, como nosso destino.



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