A BOLSA DA AVÓ PALHAÇA
(A. BAPTISTA BASTOS)
Parece um livro para crianças tal é a saudade dos lugares, de pessoas e decoisas que nos fala.
Numa linguagem suave e simples mas excepcionalmente bela, o autor fala de coisas da sua juventude que é, no fim de contas, as coisas da nossa juventude,
Aqueles que tiveram infância percebem isso.
São as saudades da avó, as saudades da mãe, saudades da infância, da primeira vez que atravessou o rio ate à outra margem na Trafaria seguindo o doce movimento das ondas, as gaivotas que soltam gritos estridentes e poisam levemente nas águas
Saudades do pai que bebia nas tabernas com amigos, as companhas do Pai, ladrões, proxenetas, etc.
Saudades dos enterros de antigamente e dos serviços locais, os correios, a farmácia, o café, o eléctrico o xafariz, a drogaria, a carpintaria da esquina, a escola primária e a D. Odete, os arraais e os bailes nas ruas enfeitadas, os becos, os pombos nos beirais, os manjericos, os bailes de S. João, os velhos no jardim, o vapor para Trafaria, a ida ao Ginjal comer uma caldeirada, os barcos à vela no Tejo, as varinas, como a avó Palhaça.
A minha avó trouxera-me sempre no coração; agora levava-me comigo dentro dos olhos..
SOUSAFARIAS
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