Latin Jazz - Parte 3
(John Lester)
A década de 1940 seria marcada por uma espécie de divisão de águas. Enquanto a música latina parece concentrar-se nos alegres ritmos de dança, alguns músicos de jazz isolam-se no Minto’s Playhouse, criando o bebop, estilo extremamente intelectualizado e muito pouco popular. Mas o intercâmbio continua, embora bastante diversificado em suas intenções e resultados. Enquanto o vocalista cubano Machito (Frank Grillo) forma seu Afro-Cubans, gravando clássicos como “Tanga”, em 1945, sob a direção musical de Mario Bauzá, Dizzy Gillespie apresenta-se no Carnegie Hall com o tocador de conga Chano Pozo, em 1947. Juntos, Dizzy e Pozo, gravariam “Manteca” e, no ano seguinte, “Cubano Be, Cubano Bop”, um dos clássicos da fusão entre a música latina e o bebop, composto por George Russell. Enquanto isso, partem de Cuba para New York o pianista René Hernández (tornando-se um dos principais arranjadores do Afro-Cubans de Machito) e o percussionista Chano Pozo, integrando-se à banda de Miguelito Valdés. Nem mesmo Stan Kenton escapa à influência, gravando em 1947 “El Manisero” (The Peanut Vendor), utilizando os percussionistas Carlos Vidal, José Luis Mangual e Jack Costanzo, contando ainda com Machito nas maracas. Após sua visita a Cuba, apaixonando-se pela música da ilha, a dançarina e coreógrafa Katherine Dunham contrata uma série de percussionistas e dançarinos cubanos para sua companhia, muitos deles fixando-se, mais tarde, nos EUA. E a turma do jazz não fazia por menos: em 1948 Charlie Parker grava Mango, Mangué, com Machito e, no mesmo ano, James Mood grava Tin Tin Deo, com Chano Pozo que morreria assassinado no Harlem logo em seguida, aos 33 anos. Enquanto, nos EUA, músicos de jazz flertavam com os ritmos cubanos, em Cuba a experimentação era em cima do jazz e do blues, surgindo assim o movimento denominado ‘filin’. E o intercâmbio parece não ter fim: Miguelito Valdés traz para New York o pianista mexicano Eddie Cano, que trabalhava em Los Angeles. Em 1949 Nat King Cole contrata o percussionista Jack Constanzo, gravando em 1950 um álbum em espanhol com clássicos latinos. Machito grava a Afro-Cuban Jazz Suíte, de Chico O’Farrill, contando com Flip Phillips, Charlie Parker e Buddy Rich na gravação. Na década de 1950 surgem as primeiras ‘descargas’, assim denominadas as jam sessions cubanas. A primeira delas parece ter sido ‘Con Poco Coco’, gravada pelo pianista Bebo Valdés em 1952 para a Mercury (infelizmente fora de catálogo). Embora até hoje não haja uma perfeita assimilação da linguagem do bebop nesse tipo de jam session, confesso que aprecio muito esse tipo de tratamento latino dado ao jazz: muita emoção e balanço emolduradas por fulminantes frases bop. E a febre do mambo, nos EUA, prossegue: Damaso Pérez Prado apresenta-se com sucesso pelos EUA com sua orquestra. Joe Loco (José Estévez) forma um dos mais populares trios de latin jazz do período, o Joe Loco Trio.
Resumos Relacionados
- Latin Jazz - Parte 8
- Latin Jazz - Parte 4
- Latin Jazz - Parte 7
- Latin Jazz - Parte 5
- Latin Jazz - Parte 10
|
|