Latin Jazz - Parte 4
(John Lester)
Após uma boa conversa com Fidel, resolvemos que seria melhor o velho ditador pendurar as congas e maracas, dedicando-se apenas a curtir sua condição privilegiada de única lenda viva da História. Deixamos a política de lado, e passamos a falar sobre jazz, latin jazz, é claro. Conforme vimos na resenha Latin Jazz – Parte I, a influência latina sobre a música popular norte-americana foi importante, chegando a constituir uma das vertentes musicais que forneceriam elementos fundamentais para a formação do jazz. Era o que Jelly Roll Morton denominava de ‘cor hispânica’, tempero sem o qual, segundo Morton, não se pode fazer jazz. Com o advento do bebop, em meados da década de 1940’, houve um afastamento importante do jazz em relação às melodias e aos ritmos bailáveis, até então determinantes no nascimento e na evolução do jazz, música essencialmente destinada à dança. Por outro lado, na década de 1950’, a música latina passa a ocupar os amplos espaços vazios deixados pelo jazz mais intelectualizado, competindo francamente com o rock, estilo com o qual a música latina também flerta abertamente. Penetrando simultaneamente no jazz e no rock, a música latina encontrará no hard bop, em especial no ambiente do soul jazz, as condições necessárias tanto para a elaboração de um latin jazz mais intelectualizado (com ritmos e harmonias bastante elaboradas, quase sempre apresentadas em jam sessions repletas de improviso – denominadas ‘descargas’), bem como, paralelamente, encontrará seu nicho mais comercial e dançante. Em 1953 o clarinetista Buddy DeFranco e o baterista Art Blakey já gravavam ‘Star of Africa’ com o percusionista Sabu Martinez (1930-1979). Nascido na parte hispânica do Harlem, Sabu aprendeu percussão ainda criança, tocando em latas e baldes nas ruas 111 e 125, em New York. No mesmo ano, Horace Silver e Art Blakey gravam o álbum Sabu, com o mesmo percusionista. No ano seguinte, o mambo e a rumba atingem o máximo de sua popularidade, ganhando um festival no Carnegie Hall, seguido de apresentações no Paramount Theatre (Brooklyn) e no Apollo Theatre (Harlem). Nesse mesmo ano, Dizzy Gillespie grava Manteca Suite, com Luis Miranda, Antar Daly, Ubaldo Nieto, José Mangual e Candido. Cal Tjader grava o álbum Ritmo Caliente com o percussionista Armando Peraza (1924). Nascido em Havana, Peraza vendia verduras na feira até ser reconhecido como um dos maiores especialistas em congas e bongos de todos os tempos. Sua versatilidade permitiu-lhe atuar em diversos contextos, desde Santana e Eric Clapton, até Herbie Hancock e John McLaughlin. Em 1955 o trompetista Kenny Dorham grava o long play Afro-Cuban, com J.J. Johnson (tb), Hank Mobley (ts), Cecil Payne (bs), Horace Silver (p), Oscar Pettiford (b), Art Blakey (d) e Carlos "Patato" Valdes nas congas. Valdes (1924) é considerado um dos percussionistas mais melódicos já produzidos em Cuba, alcançando amplo reconhecimento no jazz principalmente em função de seus trabalhos ao lado do falutista Herbie Mann, com quem gravou os álbuns Flautista, Right Now e The Beat Goes On.
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