A melhor escola do mundo
(Thomaz Favoro; revista Veja)
As escolas finlandesas lideram o ranking do Pisa, a mais abrangente avaliação internacional de educação, feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O último teste, em 2006, foi aplicado em 400.000 alunos de 57 países. A Finlândia ficou em 1º. Lugar em Ciências e Matemática (Brasil em 52º. e 53º., respectivamente), e em 2º. Lugar em leitura (Brasil em 48º.). O Brasil disputa as últimas posições com países como Tunísia e Indonésia. Engana-se, porém, quem pensa que as salas de aulas finlandesas esbanjam uma exuberância de equipamentos didáticos. São salas convencionais, com quadro-negro e, às vezes, um par de computadores. O segredo da educação finlandesa sustenta-se em cinco medidas simples, aliadas à formação dos professores. São elas:
1- o vestibular para os professores é um dos mais disputados do país. Apenas 10% são aprovados. O mestrado é pré-requisito para lecionar em todos os níveis, exceto na pré-escola;
2- a discrepância no desempenho entre as escolas é a menor do mundo. O governo mantém um sistema sigiloso de avaliação das escolas (99% são públicas) e os diretores são informados sobre o desempenho de cada uma delas:
3- dois em cada dez estudantes recebem aulas de reforço. Por causa disso, os índices de repetência são baixíssimos;
4- o currículo é variado. Além das matérias básicas, há aulas de ecologia, ética, música, artes e economia doméstica. O ensino de duas línguas estrangeiras é obrigatório, mas, se o aluno quiser, pode aprender outras duas;
5- os diretores e professores são responsáveis por criar um ambiente agradável para os alunos. A carga horária não é excessiva e, a partir da 7ª. série, os alunos são livres para escolher algumas disciplinas com as quais têm mais afinidade.
O sucesso da educação finlandesa é, em parte, fruto das características únicas do país. A população, de 5,2 milhões de habitantes, é relativamente pequena e homogênea. O preço do sistema de bem estar social que assiste ao cidadão do berço ao túmulo é uma carga tributária de 43% do PIB, uma das maiores do mundo, mas apenas seis pontos acima da brasileira. A grande diferença é que a Finlândia é o país menos corrupto do mundo, segundo a transparência internacional. A educação de qualidade foi essencial para uma virada na economia finlandesa. A mão-de-obra qualificada permitiu que a eletrônica substituísse a madeira e o papel como principais produtos de exportação. Uma antiga fábrica de papéis e de botas de borracha do interior do país foi o símbolo dessa transformação. A empresa, Nokia, hoje é a maior fabricante mundial de celulares, com 40% do mercado internacional. Juntos, ela e o sistema educacional são os dois maiores orgulho dos finlandeses.
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