O Pêndulo de Foucault
(Umberto Eco)
Resumo: D Stansfiled[BR]“O pêndulo” de Foucault não é um romance sobre detetives ou suas buscas ou ainda sobre os Cavaleiros Templários ou qualquer outro tópico relacionado ao assunto principal, embora fosse possível descrevê-lo como qualquer das coisas acima. É um romance sobre como lemos, sobre como nossa mente pode influenciada por coisas tão simples como o que achamos que pudesse ocorrer ou como acreditamos que elas deveriam ser. A narrativa começa pelo final. Nosso herói (herói no sentido mais comum da palavra) está sendo caçado em um museu parisiense por vários homens desconhecidos que querem matá-lo por pensarem que ele é o possuidor de alguma coisa importante. Normalmente, um suspense detetivesco que lhe dissesse como isso iria terminar não seria um sucesso estrondoso. Dificilmente se cria o suspense quando o leitor já sabe o que vai acontecer em seguida. Entretanto, esse romance vai muito além disso; na verdade ele fala ao leitor que este não apenas não conseguira predizer o final (que a ele já foi dito) mas que eles farão as mesmas suposições, que o levará aos mesmos enganos de nosso herói, mesmo com a vantagem do retrospecto 20-20 (neste caso, não é uma grande coisa), pois que esse romance foi escrito por um filósofo e crítico literário e autor muito competente. Eco conta com a crença do leitor sobre o gênero do livro que lê para criar armadilhas. Ele nos presenteia com uma narrativa com toda a aparência de um policial - sociedades secretas, mensagens ocultas, prêmios pelos quais vale a pena matar. E por causa disso, nós leitores somos envolvidos pela narrativa. Ela nos enreda do mesmo modo que faz os outros personagens do romance, com nosso desejo consentido. Por causa de nossa credulidade, o autor consegue manipular-nos, bem como ao seu grupo de personagens, levando a um ponto onde pessoas de bem podem matar pela simples idéia de possuir algo precioso, sem qualquer prova de que esse bem exista. E nós como leitores podemos ver a lógica disso. O próprio tema torna-se tão evasivo quanto o tema principal do romance – tema que poderia ser a chave para o lugar do repouso da Arca ou que poderia ser uma lista de compras de 200 anos atrás. E é essa ambigüidade que os personagens e os leitores estão tão desesperados para apurar de um jeito ou de outro, que permite aos escritores de ambas as peças brincarem conosco. Na teoria literária há uma premisa que sugere que o conteúdo do tema começa a ser solucionado no minuto em que o leitor tenta compreende-lo. Eis a chave para entender os jogos nesse incrível e intrincado romance de Eco.
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