BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


correlaçao entre o filme Tropa de Eelite, Foucault e o contratualista, Locke
(franciscadagloria)

Publicidade
Escreva seu resumo aqui..

CORRELAÇÕES ENTRE O FILME TROPA DE ELITE, FOUCAULT E O CONTRATUALISTA, LOCKE





O famigerado filme, TROPA DE
ELITE, é originado a partir do Livro, a Elite da Tropa, do antropólogo brasileiro,
SOARES, Luis Eduardo et all. Traz em
seu bojo os problemas estruturais enfrentados pela Segurança Pública,
evidenciando sobremaneira que “os nossos homens das corporações militares”,
cuja totalização no Brasil é de 550 mil, estão à deriva do Estado. Por outro
lado, reafirma que a população brasileira está completamente desprotegida. A
corrupção, a desordem social são ícones presentes com maior ou menor intensidade
nas instituições com incumbência de proteger o cidadão. A ilegalidade que
deveria ser exceção, torna-se regra.

Algumas idéias apresentadas no
prefácio do Livro, a Elite da Tropa, indicam quais os objetivos que nortearam a
escrita do mesmo, bem como a produção do filme. Segundo seus autores, a
revelação de tantos contrastes, honra e desonra, violência e felicidade,
vividos pelas personagens emblemáticas do Capitão Nascimento, dos policias Neto
e Matias, não seria outra razão, senão promover
o aperfeiçoamento das instituições e não somente enegrecer sua imagem.

O livro, a Elite da Tropa, está
dividido em duas partes. A primeira, intitulada, DIÁRIO DE GUERRA, é composta
de 22(vinte e dois) depoimentos de ex-integrantes da corporação militar do Rio
de Janeiro, relatando experiências variadas no exercício de suas funções. A
segunda, intitulada, “DOIS ANOS DEPOIS - A CIDADE BEIJA A LONA”, descreve
narrativas do envolvimento corrupto entre a Polícia e os Políticos. O que fica óbvio tanto para o leitor do
referido livro quanto para o espectador do filme é que não há heróis. O sistema
termina corrompendo até mesmo aqueles que deveriam figurar como mocinhos.

O BOPE (Batalhão de
Operações Especiais da Polícia Militar) apresentado no filme foi criado em
1978. Desde a sua fundação já se pretendia “adestrar” homens, ou na visão
foucaultiana “disciplinar corpos”, mas com intenção de ser máquina de guerra,
invadir o território inimigo. Vejamos alguns versos do “hino” entoado pelos
integrantes:

“Homem de preto,

Qual é sua missão?

È invadir favela

e deixar corpo no chão...”



“Se me perguntas de onde
venho

E qual é minha missão:

Trago a morte e o
desespero,

e a total destruição.”


(SOARES, Luis Eduardo et all,i,2005:4,5)



Esse Batalhão diferenciava
dos demais agrupamentos policiais em
razão de sua grande preparação técnica e sua valorização da honestidade. Mas em
contraposição cultuava a violência. Na abertura do filme, o narrador, o Capitão
Nascimento, menciona uma frase bastante reflexiva quando aponta que no
exercício da função de policial só restam três opções: CORROMPER-SE, OMITIR-SE OU IR À
GUERRA. A partir dessas colocações é possível fazer algumas
observações. É interessante visualizar bem quem são os inimigos que o BOPE
levará destruição, violência e desrespeito. Na verdade são os nossos irmãos excluídos e
postos à margem da noção do regime de BIOPODER, considerado por Foucault como
um poder positivo que simboliza preocupação com a otimização da vida,
garantindo-a plenamente. Na figura do Capitão Nascimento e no seu modo de fazer
justiça nos morros cariocas identificamos uma característica do panoptismo foucaultiano.
VIGIAR e PUNIR é uma realidade em suas incursões ao morro. O problema exaure
exatamente no excesso dessa punição. A brutalidade e as injustiças cometidas
pelos traficantes são reproduzidas pelo BOPE. Não é exagero afirmar que assim
como os traficantes que dominam os morros criam seus próprios tribunais e leis,
o BOPE também assim o faz. Coloca-se acima do Estado, acima das leis
positivadas, acima do princípio da dignidade da pessoa humana.

Ainda retomando a
frase: CORROMPER-SE, OMITIR-SE OU IR À GUERRA . Parece-me razoável
compreender que a escolha mais nobre e mais adequada para o policial seria ir à
guerra . Não se pode esquecer no entanto, de quem são os inimigos? Onde
ocorrerá o campo de batalha? Quais os objetivos da guerra? Quais os
instrumentos utilizados para vencê-la? Feitas as observações retroativas
percebo que se trata de uma guerra injusta e completamente covarde. Não há
mocinhos. Todos foram corrompidos. O policial que vai à guerra é instrumento
corruptível de um Estado fraco que não procura resolver os problemas sociais de
modo sério. Não se extingue crimes eliminando vidas. O que ocorre na verdade
com tais demonstrações é a vacância de um cargo de liderança no tráfico que
será posteriormente substituído por algum jovem que também pretende ascensão no
mundo da marginalidade. Assim, o círculo do crime alimenta-se e
retroalimenta-se como uma cadeia que nunca despedaça.

Locke, exímio
representante do liberalismo, concebe um Estado com clara divisão dos poderes no
qual há limites de atuação. Em sua visão, é no Estado Civil que há a verdadeira
exeqüibilidade dos direitos imanentes à natureza humana, quais sejam, vida,
liberdade, dignidade, respeito. Para ele, o cidadão mediante o pacto consensual
entrega ao Poder Estatal a responsabilidade de garantir-lhe o gozo dos seus
direitos naturais inalienáveis. Sendo assim, esse pensador compreendia que ninguém
poderia ser submetido a outro poder, senão àquele contido na lei. Sendo,
inclusive, essa idéia que estigmatiza todas as sociedades democráticas.
Percebe-se que o modo operante do BOPE é contrário ao que se prega do estado
democrático de direito idealizado por Locke. Infelizmente mesmo a nossa carta
magna proibindo os tribunais de exceções,
esses são reais e instalados de modo vil e cruento tanto pelo BOPE quanto pelos
marginais. Se costumamos ouvir pela mídia que a sociedade está de joelhos ante
o poder paralelo. O que dizer da “gente” honesta e honrada que habita os morros
e que são preliminarmente as primeiras vítimas tanto do Estado quanto dos
traficantes? Provavelmente estão “agachadas”, inertes, anestesiadas, sem qualquer
opção .



Resumos Relacionados


- Tropa De Elite

- Tropa De Elite E O “ethos” Do Policial

- Elite Da Tropa

- Tropa De Elite

- Tropa De Elite



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia