VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA, NORMA CULTA E ENSIMO DA LÍNGUA MATERNA
(Ataliba T. de Castilho)
RESUMO
CONCEITO DE NORMA
Há um conceito amplo e um conceito estreito de norma. No primeiro caso, ela é entendida como um fator de coesão social. No segundo, corresponde concretamente aos usos e aspirações da classe social de prestígio.
Num sentido amplo, a norma corresponde à necessidade que o grupo social experimenta de defender seu veículo de comunicação das alterações que poderiam advir no momento de seu aprendizado.
Num sentido restrito, a norma corresponde aos usos e atitudes de determinado segmento da sociedade, precisamente aquele que desfruta de prestígio dentro da nação, em virtude de razões políticas, econômicas e culturais. Convém distinguir pelo menos dois ingredientes que compõem a norma: 1- A norma é um uso lingüístico concreto e corresponde ao dialeto social praticado pela classe de prestígio. 2- A norma representa a atitude que o falante assume em face da norma objetiva.
PRECONCEITOS SOBRE A NORMA
Uma série de desinteligências tem assinalado em nossos meios a compreensão do que seja a norma prescritiva.
Não há português certo ou português errado e sim modalidades desprestigiadas, cada qual correspondendo ao meio em que se acha o falante.
Aqui há pelo menos três confusões: 1- O português culto é o português escrito – quando o certo é que há um português culto falado e um português culto escrito. 2- O português culto é o de épocas passadas – mas, a norma decorre da linguagem praticada pelo grupo social atualmente prestigiado. 3- As línguas têm períodos de decadência – ora, como a língua é um fenômeno social, sua existência está presa à dos grupos que a instituíram e somente estes podem entrar em decadência.
NORMA E IDEOLOGIA
- Concepção estética: é aquela que joga com palavras tais como “elegância”, “beleza”, “finura” para explicitar o que entende por normas prescritiva.
- Concepção elitista ou aristocrática: é a que contrasta o falar de prestígio com os falares populares, mediante pares opositivos, tais como “classe elevada X povo” etc.
- Concepção purista: o pressuposto desta linha está em que tudo o que é passado é melhor; as palavras-chave são: “vernaculidade”, “tradição”, “os antigos”, “os clássicos”.
- Concepção naturalista: entende a língua como um ser vivo, dotado de sentimentos, e capazes de ameaçar a integridade da nação, caso receba maus tratos.
- Concepção objetiva: manipula conceitos propriamente lingüísticos e vê na língua culta apenas uma variedade a mais, personalizando-se por dispor de prestígio, neutralidade e conformidade com a área geossocial em que está o indivíduo.
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