MADAME BOVARY
(Gustave Flaubert)
O romance de Flaubert, trouxe à evidência, a atrocidade que poderá colocar, especialmente à mulher, a condição de prisioneira de uma vontade declarada como sincera, através de uma declaração formal de fidelidade, via casamento, que pode vir a desmoronar-se, surgindo depois a dúvida, depois o cativeiro, depois a instabilidade, depois a ansiedade, depois a fala de coragem por fim ao sofrimento.
O livro conta a história da esposa de Charles, médico e esposo, apaixonado e simultaneamente maçador, que não consegue salvar o casamento nem com o nascimento da filha.
Emma Bovary, a esposa, sente-se presa a este casamento que aparentemente não tem sentido. É um casamento infeliz.
A relação estava perdida não restando a Emma outra alternativa que não fosse entregar-se a um outro amor que a ajudasse a sair daquele modo de vida enfadonho em que caíra. Foi assim, que se envolveu em novos encontros extraconjugais que a levaram a pagar uma factura bastante elevada.
Numa sociedade conservadora, esse acontecimento de Emma levou-a ao desespero a tal ponto que se envenenou deliberadamente. Do ponto de vista literário e artístico, o autor descreve esses momentos de agonia com uma intensidade dramática tal, que roça a realidade, numa perspectiva de castigar o comportamento da personagem, pela ousadia que teve em violar as regras da feminilidade, ou seja, da fidelidade ao esposo, à sua condição de esposa e mãe, para o qual não tinha qualquer vocação..
Emma Bovary, foi, pode dizer-se, a representante da mulher que deseja emancipar-se ou deseja libertar-se de uma situação resultante de uma relação infeliz e de um medíocre destino.
O romance está perfeitamente actual, pois a instituição casamento continua em crise, apesar de muitas pessoas continuarem a preferir selar a relação por essa via.
SOUSAFARIAS
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