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O Homem que Morreu (parte II)
(D. H. Lawrence)

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Por muito tempo caminhou sozinho o homem que tinha morrido. Era inverno e ele se encontrava nas costas do Líbano. Ali encontrou um templo, pequeno e belo em que oficiava uma jovem e bela sacerdotisa os mistérios de Ísis. Não a Ísis mãe de Horus, mas a Ísis Buscadora, a viúva que busca os restos mortais de Osíris que haviam sido espalhados por toda a face da Terra. Tinha que reencontrar as mãos, os pés, o coração, as coxas, a cabeça, a barriga e reunir essas partes e abraçar o corpo reconstruído até o aquecer e despertar nele a vida e fazer que ele lhe retribuísse o abraço e lhe fecundasse as entranhas. O pai da sacerdotisa, foi capitão de Marco Antonio, combateram juntos e estava junto dele quando assassinaram César. Morrera em combate nas montanhas além do Líbano. Quando pequena ela conheceu o próprio César e até Marco Antonio lhe cortejava, mas a mulher não se entregava... Certa vez perguntou a um filósofo: As mulheres nasceram para se entregar aos homens? – ao que ele respondeu: Poucas são as mulheres que esperam pelo homem renascido. A flor do Lódão, não cede à veemência do calor solar. É a esses que o lódão corresponde e sobe até a superfície das águas e se abre com uma expansividade maior do que toda e qualquer outra flor. Assim, quando ela no Egito conheceu o culto de Ísis, reconheceu nele o seu próprio mistério. Trouxe uma estátua da deusa para as praias de Sídon e vive com ela na ânsia da busca. Quando terminou sua meditação no templo ela se depara com o estranho nas escadas. O homem que tinha morrido lhe pede albergue para descanço antes de seguir sua viagem, coisa que a benevolência da deusa egípcia lhe proporcionou e a sacerdotiza concede-lhe uma gruta, onde antes guardava cabras, para que ele pudesse passar um tempo aproveitando de sua hospitalidade. Um escravo que lhe observara durante o sono foi dizer a sacerdotiza que o estranho era um foragido, visto possuir as marcas dos malfeitores, cicatrizes de cravos nas mãos e nos pés. a sacerdotisa não acreditou que ele fosse um malfeitor, mas quis questionar o estranho sobre suas marcas. Tão logo acordou o homem que tinha morrido foi ter com sua benfeitora e diante de suas dúvidas resolveu partir. Ele não queria falar sobre o passado e nem podia ser tocado. Ela o convida para dentro do templo de Ísis e lhe pede pra ficar, pois acredita que ele seja o próprio Osíris. Ele ficou perturbado com a proposta, pensando consigo: Devo consentir neste convívio? O convívio com os homens me levou à morte. Isto vai mais além da morte. Ousarei me entregar ao doce contato da vida? Sou curandeiro e não possuo o fogo que sara, como essa filha de Ísis, uma chama suave e benéfica. Quanta ternura! Mais terrível e inevitável que a morte que sofri... Certa de que tinha encontrado Osíris, a sacerdotiza manda que seus escravos transformem a gruta das cabras em um lugar habitável e prepara tudo para que o mórbido estranho fique com ela. Em um ritual dentro do templo ungi-lhe as chagas a ponto dele sentir o sol da vida retornar em seu corpo. Os dois juntos vivem semanas felizes e plenas até que a sacerdotisa engravida. O homem que tinha morrido se encanta com esse amor tão vivo e se convence que sua antiga missão exigia apenas o cadáver do amor de seus companheiros, nada comparável ao amor que acaba de conhecer. Ela lhe proporcionou um novo início. Mas fora a bondade e o amor dos dois amantes, o mundo continua baixo e mesquinho. A mãe da sacerdotisa e seus escravos procuram desforrar-se do pão que ele havia comido, do comércio amoroso que encetara e da mulher que ele tornara feliz. Agora era forçoso deixá-la. Ele se torna atento e percebe o complô dos escravos que queriam lhe entregar à justiça de Roma. Despede-se de sua amada lembrando-a que como as estações se sucedem ele também deveria partir, mas que retornaria sempre como a primavera volta cheia de vida depois do frio inverno. E assim partiu rumo ao oeste, certo de que amanhã surgirá um novo dia.



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