Afinal, por que não fizeram autópsia no corpo do ex-presidente João Goulart?
(Leo de Almeida Neves)
Dois fatos anormais ocorreram relativos ao enterro de João Goulart em
São Borja, no dia 6 de dezembro de 1976. A demora do cortejo que trazia
Jango de sua fazenda em Mercedes, na Argentina, que ficou muito tempo
na fronteira, esperando autorização para entrar no Brasil, e a
náo-realização de autópsia, tanto na Argentina quanto no Brasil,
indispensável por exigência legal, ainda mais por tratar-se de um
ex-chefe da nação. Muito estranha a morte das três principais
lideranças populares do país no prazo de um ano - João Goulart,
Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda. À época, as ditaduras militares
da América Latina organizaram a operação conjunta Condor, atuando em
sintonia para combater inimigos comuns. No ano em que Jango morreu, agentes da repressão estiveram no seu escritório em Buenos Aires.
Em 1º de maio de 1964, fiel ao seu vínculo com os trabalhadores,
enviou mensagem publicadas nos principais jornais do Rio de Janeiro
apesar da censura. Essa foi a derradeira manifestação pública de Jango.
A hipótese de que Jango tenha sido vítima de atentado ressurgiu na
entrevista gravada que João Vicente obteve de Mário Neira Barreiro,
preso na prisão de Charqueadas ( RS) por tráfico de armas, roubo e
falsidade ideológica, contou detalhes da conduta do médico legista e
capitão Carllos Milles, do serviço secreto uruguaio, do qual ele fazia
parte. O médico teria preparado as cápsulas envenenadas, que teriam
sido misturadas aos remédios para o coração que Jango tomava. O governo brasileiro não pode omitir-se de uma investigação séria dessa denúncia !Fonte: O SUL - Porto Alegre, 24 de fevereiro de 2008 - Ano 7 - Número 2381
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