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A cadeia como você nunca viu – Parte 2
(Autores: Fátima Souza e Alexandre Versignassi – matéria de capa da revista Super Interessante – març)

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O PCC começou como um time de futebol na penitenciária de Taubaté. Em 1993 os oito “da capital” resolveram montar uma espécie de sindicato para representar os detentos perante o Estado. Cada membro deveria ajudar o outro financeiramente, mesmo quando estivesse solto. Hoje, os afiliados que estão fora da cadeia contribuem com R$ 500 mensais, quem estiver no regime semi-aberto dá R$ 250 e os detentos em tempo integral R$ 25. O principal fundo vem da compra de carregamentos de drogas e abertura de boca para vendê-las e assim refinanciar o “partido” com os lucros. O sistema evoluiu tanto que o PCC começou a agir também como um banco para seus afiliados, emprestando dinheiro a 5% de juros ao mês. Além disso, começou a bancar advogados para reduzir penas dos seus membros. Algumas autoridades estimam que o PCC tenha dezenas de milhares de afiliados, o que faria dela a maior facção do crime organizado no país, atingindo Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e até o Rio de Janeiro, berço do Comando Vermelho. No topo da organização está Marcos Herbas Camacho, o Marcola, ajudado por um conselho de vinte homens de confiança. Apesar de toda essa hierarquia, o poder dos pilotos é notável. Cabe a eles aplicar as punições a quem fere o código de conduta da cadeia. Cada tipo de delito tem sua pena, por exemplo: usar o banheiro enquanto outro está comendo é uma pena leve e a punição dois dias sem comer; mexer nos pertences de um colega de cela é uma infração média e a punição uma surra ou, pior, ser banido para o “seguro”, uma área isolada do presídio; não pagar dívidas, caguetar companheiros ou desviar dinheiro do PCC são faltas gravíssimas e a punição pena de morte com direito a escolher a forma – estiletadas, estrangulamento ou forca. Os pilotos também controlam as bocas financiadas pelo PCC do lado de fora e do lado de dentro da cadeia. Os preços são inflacionados por causa dos gastos com o suborno de agentes penitenciários. Maconha custa R$ 15 o cigarro (R$ 3 nas ruas); cocaína R$ 40 o papelote (R$ 10 a R$ 20 do lado de fora); crack nem pensar, o PCC o considera uma droga tão perigosa porque acaba matando o cliente, o que não é bom negócio, além de os usuários de crack ser os mais traiçoeiros, fazem tudo pelo vício e nada pelos companheiros. O drinque mais popular é a maria-louca, uma pinga feita a partir de restos de comida. Uma dose sai por R$ 10. Uma garrafa de pinga convencional pode custar R$ 100.

Não dá para conceber o crime organizado das cadeias sem o celular. As celas parecem escritórios de trabalho. Com eles os pilotos manda matar, organizam seqüestros e acertam financiamento de assaltos. Do lado de fora o criminoso ligado à organização liga para o celular de um piloto, pede que ele libere dinheiro para a compra de armas ou o que mais for necessário para a operação. Depois tem que devolver a quantia emprestada mais 10% do valor do assalto. Para agilizar as comunicações eles montam centrais telefônicas clandestinas localizadas em casas do lado de fora, com linhas telefônicas fixa, um aparelho de PABX e uma telefonista. Os presos ligam para a telefonista e pedem para que a ligação seja transferida para outro celular. Dá para falar à vontade e sem colocar créditos. As linhas geralmente acabam cortadas por falta de pagamento ou pela polícia. Aí eles compram outras linhas e começam tudo de novo. Os celulares entram nas cadeias com as mulheres que visitam os presos. Elas recebem de R$ 200 a R$ 300 para esconder o aparelho na vagina, mas na maioria dos casos é com a ajuda de funcionários corruptos que cobram de R$ 500 a R$ 800 para levar um até o “cliente”. Os cerca de cinqüenta bloqueadores de celular que estão nos presídios são ultrapassados, barram somente alguns tipos de aparelhos. O governo federal que instalar novos bloqueadores capazes de lidar com qualquer celular. Eles ainda estão em testes. Enquanto isso as telecomunicações rolam soltas nas prisões.



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