Agosto
(Rubem Fonseca)
Resenha da obra ?Agosto?, de Rubem Fonseca A obra romancista ?Agosto?, do escritor carioca Rubem Fonseca, retrata o mês de agosto de 1954 - mês de crimes estarrecedores, de atentados políticos, de lutas infames pelo poder. Tal crise política, sem precedentes, culminou com o suicídio do ex-presidente da República, Getúlio Dornelles Vargas. A narrativa tece a fusão entre ficção e realidade, baseada numa minuciosa pesquisa histórica, reascendendo o debate em torno da morte de Getúlio, fato que entrou na história política do Brasil. Em ?Agosto?, Rubem Fonseca introduz à trama principal, fatos reais e fictícios, de distintas nuances, levando o leitor a caminhar pela emoção do mês de agosto de 1954, um dos momentos mais dramáticos na história do país. O contexto narrativo da obra envolve histórias de cunho pessoal, político, heróico e passional levando ao leitor, às vezes, confundir a história política com o romance literário do autor. A história tem início com o assassinato do empresário milionário, Paulo Gomes, em seu duplex, no Rio de Janeiro, na madrugada de 1º de agosto de 1954. O crime é investigado pelo comissário Mattos, um policial honesto envolvido com duas namoradas, Salete e Alice. Esta última era casada com um homem cuja amante era a viúva do milionário assassinado. As únicas pistas do crime são: um anel e alguns pêlos de um negro no sabonete que estava no banheiro. Paralelo a isso, próximo do local, o chefe da guarda pessoal do presidente da República, Gregório Fortunato, planeja um assassinato contra o jornalista carioca Carlos Lacerda, maior homem de oposição ao presidente. Em cinco de agosto de 1954, Lacerda sobrevive ao atentado que mata o major-aviador Rubens Florentino Vaz. O atentado passa à história como "O Crime da Rua dos Toneleiros". O fato emocionou todo o país e provoca uma onda geral de indignação. As investigações de ambos os delitos são assumidas pela Força Aérea Brasileira (FAB) e demonstram o envolvimento de Gregório Fortunato, também conhecido por ?Anjo Negro?, que acaba sendo preso. Ao mesmo tempo em que isso aumenta as pressões sobre o possível envolvimento do presidente Getúlio, o comissário Mattos passa a suspeitar que o chefe da Guarda Nacional também esteja envolvido no assassinato do milionário carioca, Paulo Gomes Aguiar. Contudo, a investigação acaba descobrindo que o anel achado no local do crime não era do ?Anjo Negro?. Diante disso, Pedro Lomagno, marido de Alice, que por sua vez, é namorada do comissário Mattos, passa, então, a ser o principal suspeito do crime. Em uma conversa com Alice, Mattos descobre que Lomagno tinha um amigo negro, Chicão, principal acusado de ser o executor do crime. Enquanto isso, a situação de Vargas se complica cada vez mais. Ele convoca uma reunião com seu ministério que se estende até a madrugada, com cada um dos ministros fazendo a sua análise da situação política do país. O jornal conservador Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda, segue em sua campanha contra o governo. A pressão da oposição tornou-se mais intensa, no Congresso e nos meio militares, exigindo a renúncia do presidente da República. Cria-se tal clima de tensão. Sentindo-se isolado, Vargas sobe para a ala presidencial do Palácio do Catete e se mata com um tiro no coração, na madrugada de 24 de agosto de 1954. A partir daí, é gerada uma crise política sem precedentes. O comissário Mattos vai ao velório de Getúlio e depois retorna a casa, no intuito de se encontrar com Salete. Nesse momento, surge Chicão, que aborda o casal já deitado sobre a cama. Mattos lhe entrega o anel, mas é assassinado juntamente com sua namorada. A obra ?Agosto?, portanto, mistura ficção e realidade. A ficção fica por conta do protagonista, o Comissário Mattos, suas namoradas e o crime contra o milionário Paulo Gomes de Aguiar. Os fatos reais são os que envolvem o atentado a Lacerda, suainvestigação e a crise que levou à morte de Getúlio. A História, de fato, não serve apenas como pano de fundo; Getúlio Vargas, seu irmão Benjamim, a filha Alzira, o polêmico tenente Gregório Fortunato, ministros Tancredo Neves, os militares Zenóbio de Castro e Mascarenhas de Moraes, o brigadeiro da Força-Aérea, Eduardo Gomes e outras figuras históricas são protagonistas do livro, ganhando voz e ação dentro da narrativa.
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