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Crime E Castigo
(Dostoievski)

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CRIME E CASTIGO

Fiodor Dostoievski


Crime e Castigo é indubitavelmente uma das principais obras primas da História da Literatura Universal, unanimemente reconhecido em todas as culturas ocidentais como um dos happy few romances de todos os tempos, bem acolhido nas mais diversas línguas e culturas, fascinando a leitores das mais diversas inclinações ideológicas, de ateus a cristãos fervorosos, de empedernidos comunistas a liberais radicais.
O romance narra a história de Raskolnikov, um jovem estudante da Rússia czarista do século XIX, de origens pobres, mas eivado de uma avassaladora ambição. Raskolnikov é taciturno, profundo, arredio e vive em uma mansarda miserável de São Peterburgo. È um homem introspectivo, cerebral, doente de idéias. Na solidão de seu decrépido quarto de pensão é assolado por uma torrente de idéias ?progressistas? e revolucionárias. Encarna o típico intelectual crítico pós-iluminista, racionalista e humanista que não se peja de fazer tabula rasa de todo o legado cultural tradicional de sua nação e de sua civilização. Tem algo de Maquiavel e de Nietszche. A moral cristã tradicional não lhe satisfaz, sente-se digno de superá-la, julga-se acima dela. Ainda estudante, publicou em um periódico local um artigo no qual defende a idéia de que os grandes homens da humanidade, os realizadores dos feitos descomunais, estão além do bem e do mal, e não tem o dever de se sujeitar às exigências éticas dos comuns mortais. Não há nisto uma ponta do humanismo de Maquiavel e Nietszche? Todo o ser de Raskolnikov é tomado por este pensamento e ele, após muita luta interior, acaba por sucumbir à poderosa tentação de experienciar na prática a sua teoria. Ralkolnikov sente-se um grande homem, um super-homem, sente que ainda terá um papel de destaque a cumprir na história, mas no entanto vive numa miséria sem perspectivas de futuro. Raskolnikov sabe que a aristocrática e imóvel sociedade russa do século XIX não lhe abrirá espaço facilmente, e por isto precisa de um salto inicial, mas, para tanto, necessita de dinheiro. E se os grandes homens não precisam se sujeitar à moral escrava dos fracos, porque ele não pode dar este salto inicial matando uma velhinha usurária rabujenta e decrépida que nada de bom tem a oferecer ao mundo para roubar-lhe a fortuna?
Raskolnikov sucumbe à tentação, no entanto o muito que planejou o seu crime não foi suficiente para que lograsse inteiro sucesso. No momento em que partiu o crânio da velha usurária com um machado, uma sobrinha inocente da agiota surgiu no local para a sua surpresa, obrigando-o então a lançar mão de um segundo homicídio, desta vez não planejado. O homicídio fracassa, é imperfeito e deixa pistas, mas Raskolnikov ainda terá um longo tempo de sofrimento até ser descoberto.
Logo em seguida ao crime, inicia-se o castigo. Raskolnikov não estava preparado psicologicamente para a grande façanha inicial de sua vida. Uma tortura moral inesperada e mal compreendida toma o espírito do jovem estudante. É acometido de uma febre inexplicável, alucinações, neuroses que perduram por meses, bruscas crises de irritação contra os parentes e amigos, além de sentimentos confusos como súbitas efusões de generosidade e humanismo para com miseráveis como a família do alcoólatra Marmeladov. Atordoado, retorna ao local do crime quase que involuntariamente, deixando uma preciosa pista para os investigadores. É a consciência moral reprimida que bate escandalosamente à porta de sua consciência como as terríveis forças subterrâneas do id freudiano que mais dia menos dia rompem violentamente as barreiras da repressão interior com manifestações neuróticas e psicóticas ou trata-se simplesmente da dolorosa consciência de não ser o super-homem que esperava ante o fracasso de seu plano? Há intérpretes fazendo apologia tanto de uma quanto da outra possibilidade.
Paralelamente à fascinante descrição da confusão mental de Raskolnikov, Dostoievski desenvolve tramas paralelastão interessantes quanto à principal, como a história da família miserável do bêbado Marmeladov, homem que chega a beber com o dinheiro com que a filha Sônia, personagem verdadeiramente santa do romance, aufere com a prostituição a que se submete como último recurso para o sustento da família. A história de Marmeladov com o comovente sofrimento de crianças de tenra idade mostra que a influência dos romances de Dickens e Hogo sobre Dostoievski, mais fulgurante em seus escritos de juventude, continua viva na maturidade. Há ainda a história do tipo mais enigmático e confuso de todo o romance, de nome Svidrigailov, um homem cruel e lascivo, perseguidor sexual da irmã de Raskolnikov que acaba por suicidar-se surpreendentemente, após uma febril noite de pesadê-los nos quais possui sexualmente crianças de berço.
Por fim, Raskolnikov é desmascarado pelo personagem mais inteligente do romance, o penetrante e arguto juiz de instrução que, para a humilhação do frustrado super-homem Raskolnikov, desvenda e lança-lhe na cara todo o iter do crime, desde as suas origens psicológicas nos bas-fonds do autor do delito até os atos materiais de execução, tudo apurado e relatado com tranqüilidade, fineza e simpatia.Raskolnikov não escapa à prisão na Sibéria, sendo acompanhado pela abnegada Sônia que o ama. Inesperadamente, no fim do romance, cai aos pés de sua benfeitora aos pratos, numa súbita erupção de arrependimento cristão, para a comoção dos leitores seguidores de Cristo e para a profunda decepção dos leitores ateus e humanistas que sempre se queixam deste final. De certo, esperavam que Rakolnikov ?virasse homem? e fugisse da prisão para voltar a matar desta vez impunemente e sem frescuras de remorso.



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