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As Meninas
(Lygia Fagundes Telles)

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Lygia Fagundes Telles, escritora brasileira nascida em 19 de abril de 1923, na cidade de São Paulo é um dos ícones da literatura brasileira. Filha de um promotor público e delegado, Lygia mudou-se constantemente na sua infância. Com isso conheceu diversas cidades do interior de São Paulo, o que levou a conhecer várias histórias e a fez tomar gostos por contá-las.
Ironicamente, Lygia cursou Educação Física e Direito, porém isso não a impediu de se tornar uma das mais premiadas escritoras brasileiras de todos os tempos. Autora de diversos clássicos, ao lançar As meninas conseguiu arrebanhar vários prêmios, dentre eles o Prêmio Jabuti e o oferecido pela Academia Brasileira de Letras.
O livro As meninas foi lançado no ano de 1973, um dos períodos mais críticos da História recente de nosso país, já que a censura e a repressão do governo militar estava no auge. O livro nos trás a história de três meninas que têm o seu destino trançado, ao se encontrar em um pensionato de freiras. A partir de então, a autora nos trás o relato do dia a dia das meninas, em uma sucessão de acontecimentos e diálogos surpreendentes. Com uma dose de coragem, Lygia Fagundes Telles aborda temas polêmicos em seu livro e apresenta uma crítica velada ao sistema imposto naquele momento.
Em um primeiro momento temos a descrição das três personagens principais. Lorena é apresentada como a menina rica e cheia de ideais. Apaixonada por Marcos Nemesius, um médico casado e pai de cinco filhos, a estudante de Direito passa o livro a sonhar com um telefonema, uma visita ou mesmo um recado de seu amado, o que nunca ocorre.
A segunda personagem retratada é a revolucionária Lia, chamada algumas vezes por suas amigas de Lião. Filha de uma brasileira, natural da Bahia, com um alemão ex-nazista, Lia tem seus ideais bem resolvidos e demonstra muita fibra ao persegui-los, não importando as dificuldades que tenha que superar. Estudante de Ciências Sociais, tenta a todo custo reencontrar seu namorado, um preso político que será enviado para a Argélia.
Já, Ana Clara, é uma atormentada aluna de Psicologia que passa toda a história envolta com problemas de drogas, seu namorado traficante e alucinações com seu trágico passado.
A primeira vista, o livro parece se tratar de simples banalidades, problemas de mulheres recém-saídas da adolescência e futilidades. Contudo, sob uma análise mais cuidadosa do enredo, podemos depreender uma genial crítica à ditadura e a sociedade brasileira da época. Se considerarmos cada personagem principal, descrita acima, como sendo um segmento da sociedade, veremos que cada papel encaixa-se com perfeição.
A sonhadora Lorena seria a elite de nosso país. Uma classe a parte, rica, sonhadora e com a tendência de florear a real situação.
A drogada Ana Clara encarnaria as classes média e popular, atormentada e fora de sintonia da realidade. Sempre preocupada com uma subida de nível e se torturando com o passado, ela acaba ficando em um mundo particular, distante de tudo.
A lutadora Lia seria a parte da sociedade envolvida com guerrilhas, manifestações e qualquer tipo de contestação ao sistema, que tentaram a todo o custo reverter a situação em curso no país.
Algumas passagens do livro nos transmitem a idéia da busca da liberdade e da esperança de voltarmos à democracia. A personagem de Ana Clara a todo o momento exclama: ?Pomba?. Seria o símbolo da tão sonhada paz que a população brasileira estava clamando, mesmo que secretamente, naquele momento? Já a personagem Lorena vive a sonhar e esperar um amor impossível (Democracia?) e seu gato Astronauta que fugiu ainda filhote. Lia, desesperançosa, resolve fugir do país e encontrar com seu namorado no exterior, recurso este muito utilizado na época.
Todas as passagens citadas nos mostra como foi hábil e muito inteligente Lygia Fagundes Telles. A semelhança de diversos compositores de música da época, que falavam através de sentido figurado para escapar da censura, Lygia com sua habitual maestria aplicouo que poderíamos chamar de um verdadeiro ?drible? nos censores do regime e publicou esta obra prima da literatura brasileira.



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