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Cartas Perto De Coração
(Fernando Sabino)

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A obra é um belo instrumento de acesso aos tempos de formação de Clarice, EM luta com seus primeiros escritos, sobretudo A Maçã no Escuro, e Fernando, enquanto escreve seu célebre romance O Encontro Marcado.

Clarice Lispector, por exemplo, após a leitura de uma crítica desfavorável de Álvaro Lins, classificando seus primeiros romances de "mutilados e incompletos", abatida, escreve para Fernando Sabino: "Tudo o que ele diz é verdade.
Não se pode fazer arte só porque se tem um temperamento infeliz e doidinho". Fernando, como bom amigo, indignado responde: "Digo apenas que não concordo com você. Já te disse que você avançou na frente de todos nós (...) Álvaro Lins é um cretino".

Talvez, o mais interessante de Cartas Perto do Coração, seja não só a possibilidade de se vivenciar por meio dos escritos a amorosa cumplicidade entre os dois escritores, mas ir descobrindo durante a leitura as fragilidades e o doloroso processo que envolve a criação artística, especificamente a literária, eliminando, assim, a idéia romântica da concepção como mera inspiração. Clarice e Fernando demonstram que vivem para a literatura: vida e obra se espelham e se complementam. Os autores revelam suas angústia ao leitor, agora também cúmplice:

Clarice Lispector: "Passo o tempo todo pensando - não raciocinando, não meditando - mas pensando, pensando sem parar. E aprendendo, não sei o quê, mas aprendendo".
"Não trabalho mais, Fernando. Passo os dias procurando enganar minha angústia e procurando não fazer horror a mim mesma".

Fernando Sabino: "A arte não nos satisfaz porque não passa disso: é o testemunho de nós mesmos".

"Estou fuçando vago, e ultimamente ando cada vez mais tolerante com a vaguidão das palavras".

É bom lembrar que, em janeiro de 1944, Fernando Sabino mal havia completado 20 anos e recebia, em Belo Horizonte, onde morava, o exemplar do romance Perto do Coração Selvagem, com uma dedicatória da autora, Clarice Lispector, ainda desconhecida do grande público. Rubem Braga os apresentou, começando uma grande amizade, registrada em cartas, que só terminou com a morte de Clarice em 1977.

O próprio Fernando Sabino, poeticamente, revela o conteúdo desta correspondência: "O que transparece em nossas cartas é uma espécie de pacto secreto entre nós dois, solidários ante o enigma que o futuro reserva para o nosso destino de escritores".

Cartas Perto do Coração é isto: um tratado apaixonado sobre a escritura e sobre o ofício do escritor. Retrato do amor que uniu estes dois grandes nomes de nossa literatura e que, agora, chama pela cumplicidade do leitor. Coisas do coração: não dá para resistir a este discurso amoroso.

Em Cartas perto do coração, que engloba a correspondência mantida entre Clarice Lispector e Fernando Sabino no período de 1946 a 1969, a idéia de "arquivo de criação" é explicita. Os desabafos mútuos a respeito de seus trabalhos são constantes. Em uma passagem do livro, Clarice escreve a Fernando, após ler uma crítica nada favorável a seus primeiros romances pelo crítico Álvaro Lins, que havia classificado como "mutilados e incompletos" os trabalhos da autora de A paixão segundo G.H. Clarice, apreensiva, escreve para Fernando, e se purga: "Tudo o que ele diz é verdade. Não se pode fazer arte só porque se tem um temperamento infeliz e doidinho." Na carta seguinte, Fernando a consola: "Digo apenas que não concordo com você. (...) Já te disse que você avançou na frente de todos nós."

Além de curiosidades biográficas, embora não muitas, pois os dois se tratam sempre de modo informal porém discreto, a correspondência entre Clarice e Sabino revela o processo de criação de ambos, bem como seu período de formação.



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