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O Que É Realidade
(DUARTE JUNIOR, JOÃO FRANCISCO)

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Realidade. Como: "realidade é como o mundo é", ou "realidade é aquilo como as coisas são".Pelo contrário: o homem é o construtor do mundo, o edificador da realidade. A realidade do rio, construída no mundo humano, tão-somente se apresenta assim para o homem. Ora, esta é uma crença perigosa, que coloca nas mãos da ciência o poder supremo de decidir acerca da realidade do mundo e da vida.A realidade desvelada pela ciência é uma "realidade de segunda ordem?, ou seja, construída sobre as relações do dia-a-dia que o homem mantém com o mundo.De certa maneira, a realidade da vida cotidiana se impõe a nós com todo o seu peso . Ali, a água não é H2 O, nem o arrocho salarial uma exploração da mais-valia - verdades perti­nentes à esfera da ciência e da filosofia. A realidade da vida' cotidiana é, se pode dizer assim, a realidade por excelência, na qual nos movemos como o peixe na água. Nas páginas anteriores foi dito que o homem é o construtor da realidade; o construtor do mundo. Na Última frase do parágrafo anterior foi reintroduzida a palavra realidade. A construção da realidade passa pelo sistema lingüístico empregado pela comunidade. Nossa percepção do mundo é, fundamentalmente, derivada da linguagem que empregamos. O ser humano move-se, então, num mundo essencialmente simbólico, sendo os, símbolos lingüísticos os preponderantes e básico,s.na edifi­cação deste mundo, na construção da realidade. Ao longo das paginas seguintes esse aspecto social da construção da realidade irá se tornando mais claro. Como foi visto, a construção da realidade depende da maneira como o conhecimento é disposto na sociedade, o que fornece a ela uma certa estrutura. Resta-nos, porém, considerar um dado funda­mental· neste mecanismo de construção da reali­dade através das instituições sociais. Trata-se da ação do sistema lingüístico, ferramenta básica na criação do mundo humano, como exposto capítulo anterior.Uma discussão mais ampla a respeito desta questão fugiria dos limites desta texto, mas ela fica aqui anotada como um processo importante na construção social da realidade. Através do universo simbólico pode-se explicar quaisquer fatos ocorridos dentro daquela realidade em termos dos significados que este universo provê.Ao contrário dos universos simbólicos mitológicos, os outros três são de propriedade de elites de especialistas, cujos corpos de conhecimentos estão afastados do conhecimento comum da sociedade. Pela conceitualização proveniente dos universos: parciais mais especializados. Uma legitimação que, em última análise, procura explicar o funcionamento do mais alto nível de legitimação da realidade social: o universo simbólico. As instituições corporificam-se na vida cotidiana dos indivíduos através dos papéis que estes devem desempenhar para fazer parte delas. Sozinho ninguém constrói uma (nova) realidade. Um arcabouço teórico que explique como e por que indivíduos se desviam da "correta" visão da realidade. Quer dizer: essas dúvidas são explicadas : como um dos sintomas mesmo do desvio. A definiçãlo da realidade que sairá "vencedora" e que se fixará na sociedade como resultado desse conflito, depende sobremaneira da força (material e física) de que dispõem os oponentes, na maioria das vezes até mais do que a engenhosidade dos técnicos legitimadores. Uma realidade é quase sempre, na história do mundo, imposta pela força e violência. Trata-se dos intelectuais. Uma revolução se realiza (torna-se real) quando, pelo movimento da maioria da sociedade, as transformações nas instituições edificam uma nova realidade. Ameaças mais sérias exigem uma multiplicação dos mecanismos e rituais de conservação crítica da realidade.O processo de aprendizagem da realidade é denominado socialização. Isto significa a aquisição de conhecimento me funções e de papéis específicos, direta ou indiretamente decorrentes da divisão do traba­lho e do conhecimento. Quando no capítulo anterior tratamos da conservação da realidade, foi abordada a quesão dos indivíduos que, por qualquer motivo, têm a sua realidade subjetiva abalada ou mesmo deses­truturada. O mais difícil na alternação é sempre a manu­tenção da nova realidade, já que a tendência a retornar ao mundo arraigado na primeira infância é elevada. A alternação implica, desta forma, uma reinter­pretação do próprio passado do indivíduo à Iuz do novo universo simbólico por ele assimilado. É evidente que esta posição central da ciência adveio das transfor­mações que através dela (e da tecnologia, sua filha direta) conseguiram imprimir-se ao mundo. O poder da ciência na definição da realidade deriva-se de seu enorme poder para transformar o mundo e até reduzi-lo a pó. Dependendo da pergunta que lançamos ao mundo obteremos um tipo de resposta. A questão da verdade depende então de dois fatores: sua localização na história do conheci­mento e sua validade num determinado setor da realidade. Melhor dizendo: as construções científicas partem, inevi­tavelmente, de nossa· (humana) percepção da realidade.A definição do real, ou melhor, do conceito humano de realidade não é tarefa para ciências específicas, e sim para a filosofia, Ao cientista cabe manipular setores determinados da realidade, construindo-Ihes modelos representativos e explicativos, enquanto o filósofo se ocupa da compreensão de como o homem percebe e compreende o mundo, instaurando a sua realidade (dentro da qual está própria ciência).



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