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O cão azul
(Inês Pedrosa)

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Na terra dos cães nunca se tinha visto nenhum bicho assim. Nasceu numa noite tão fria que os latidos formavam bolas de gelo no ar. A mãe cadela nem queria acreditar, quando viu sair de dentro dela aquela bola de pêlo azul-celeste. Ficou à espera que nascessem mais cachorrinhos, porque os cães normalmente nascem em ninhadas.Mas a única coisa que aconteceu foi uma chuva de estrelas, que ficaram no chão a brilhar, formando arco-íris na neve que cobria tudo.Quando percebeu que aquele filho não teria irmãos gémeos, a cadela envolveu-o nas suas patas e começou a lambê-lo devagar, dizendo: «Meu querido bebé, és mesmo especial». Sacudindo o seu pêlo de carpélio lustroso, o cãozinho disse: «Ora. Todos somos especiais.» A mãe estava cada vez mais surpreendida, porque os cães recém-nascidos, em princípio, não falam tão bem como os adultos.A notícia do cão azul saiu no jornal, e o rei dos cães mandou-o chamar ao palácio feito de ossos de ouro: «Já que falas tão bem e sabes tudo, explica-me como é que eu posso me tornar rei de todas as terras e de todos os animais, e farei de ti um príncipe». Mas o pequeno cão azul não disse nada; limitou-se a saltar para o sofá de almofadas cor-de-rosa, para brincar com a princesa caniche que ali dormia. Então o rei escorraçou o cão, dizendo: «Um rafeiro que prefere brincar com almofadas de menina a ser um príncipe poderoso não merece a minha atenção».O rei dos cães tinha o hábito de festejar a passagem de ano a esquiar com a sua corte. Conseguira expulsar os últimos ursos, já muito velhinhos, que moravam nas montanhas proximas. Mandara fazer uns pais-natais gigantes que punha em cima dos pinheirosiluminados e assustavam todos os animais, menos os cães. O rei cão convencera os seus súbditos de que o pai-natal traria brinquedos aos cães obdientes, e por isso os cães chegavam a passar fome para dar ao rei todo o ouro que ele exigia. Mas há sempre um cão que não se rende ou um urso corajoso que aparace onde menos se espera: o valente cão azul ultrapassou a toda a velocidade o rei que esquiava, gritando: «Vou-te ganhar, rei dos patetas!». Era proibido esquiar mais de pressa do que o rei.Com a fúria, o rei cão lançou-se pela montanha abaixo, deu umas mil cambalhotas nas pedras e na neve, acabando por ficar pendurado, como decoração de natal, num galho de um pinheiro. Para complicar ainda mais a situação, apareceu debaixo daquela árvore o último urso daquela montanha, rangendo de raiva contra o rei cão que expulsara a sua família. O urso rugindo, o rei cão pedindo perdão, ficaram nisto até à noite, quase congelados.Até que chegou, voando, uma luz azul. Tratava-se do nosso amigo cão azul, que era mágico, mas só quando lhe apetecia. Salvou o rei, fez as pazes com o urso, que mandou vir a família exilada.Os ossos de ouro do palácio foram distribuídos por todos os cães do reino.



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