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Imperialismo: práticas e permanências
(flavioprazeres)

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A percepção do passado e de permanência como sentido histórico que direciona este trabalho segue a proposta de Edward Said, para iniciar a discussão sobre o período compreendido entre 1875 e 1914, denominado por Hobsbawn de “Era dos Impérios”.
Como caracterizar esse imperialismo que se configura no século XIX e XX? Será ele novo ou, uma reminiscência dos impérios da Antiguidade ou dos “antigos impérios europeus pré-industriais”? E como o imperialismo foi vivenciado e sentido pelos sujeitos históricos envolvidos? As questões propõem uma análise complexa, no entanto, destacarei apenas alguns pontos fundamentais.
Comparando as idéias de um marxista, Eric Hobsbawn, que trabalha as dimensões econômica, política e cultural, porém, mais no campo da materialidade; enquanto, Edward Said, segue a análise do discurso e a literatura comparada para analisar as “experiências divergentes”, respectivamente, sendo que, para este:

“a História ... se desdobra no espírito e na imaginação, e adquire corpo nas múltiplas respostas da cultura de um povo, a qual, por sua vez, é a mediação infinitamente sutil de realidades materiais”. (Said, p.33)

Para Eric Hobsbawn o imperialismo do final do século XIX era novo, ou pelo menos, “era sentido e discutido como novo”. Mas a novidade para ele era vista mais na esfera econômica e na modificação do contexto social e político dos países capitalistas industrializados e não mais pré-industriais; além de destacar a política econômica de concorrência entre potências rivais, ou que leva ao enriquecimento, e de poder.
Mas em que medida esse imperialismo é novo? Não seria a novidade uma “transmutação”? Ou seja, uma variação alterada dos diversos aspectos dos impérios passados.
Vários aspectos desse “novo imperialismo” estiveram presentes nos anteriores. Ora, detecta-se as permanências do passado, que são reestruturados, ou “transmutados” – para que se adequem ao novo contexto mundial, ora, observa-se as especificidades do imperialismo do século XIX e XX..Uma dúvida instigante quanto à novidade, está relacionada ao que foi chamado de “imperialismo social”. O imperialismo era uma saída para os países superpovoados, que enfrentavam descontentamentos populacionais.
As duas idéias expressam uma política social que visava à integração desses grupos desvalidos ao Estado e ao imperialismo, não como agentes beneficiados diretos, mas aceitando o sentimento de superioridade para legitimar a dominação e adequando-se às políticas imperiais. No entanto, deve-se observar as especificidades de cada experiência que ocorrem em épocas completamente distintas para não correr o risco de cometer anacronismo.
O que é mais perceptível à idéia de permanência é a visão de “nós” e “eles”, de “avançados” e “atrasados”, “dominantes” e “dominados”.
Em todos os impérios os dominantes sempre buscaram uma justificativa para diferenciar “nós” (dominantes) e “os outros” (dominados), seja por superioridade racial, militar ou moral, entre outras. Tanto Said quanto Hobsbawn compartilham a visão de uma justificativa para tornar o imperialismo aceitável – para os dois sujeitos – dominantes e dominados.
A questão de “nós’ e os “outros” remete a discussão de Said sobre a polarização dos discursos.
Os imperialistas que impõem a dominação utilizam mecanismos não só materiais, mas também culturais, como as “idéias, formas imagens e representações” (Said,1995. p.38) para afirmar seu poder e conquista. Hobsbawn percebe esses mecanismos materiais e ideológicos, mas estes vinculados à ação política do Estado que controla as demais instituições (educação, igreja, meios de comunicação, etc). Edward Said observa o poder iminente à sociedade, tanto dos dominantes quanto dos dominados, presente no eu, no micropoder que mesmo, aparentemente desvinculado ao controle do Estado, contribui com as ideologias de imposição ou resistência.
A instituição religiosa como forma de poder, é estudada pelos dois autores. No entanto, na visão de Hobsbawn a Igreja não representava “um intermediário da política imperialista” mesmo afirmando que “a cristandade insistia na igualdade das almas e ressaltava a desigualdade dos corpos”. A ação missionária tinha uma função: inserir os povos colonizados na cultura imperialista através da conversão religiosa dos bárbaros e infiéis, que pela visão eurocêntrica não tinham história.
Esta visão também pode ser comparada com a ação da Igreja nos séculos XVI e XVII, que tinha uma atitude mais direta, mas se assemelha na função exercida: conversão dos infiéis selvagens para que conheçam a civilização e sejam “docilizados” para a exploração. Esta influência cultural do imperialismo pode ser observada no processo de aculturação dos povos colonizados e pelo sentimento de nacionalismo fortalecido nos dois sujeitos.
O imperialismo levou a modificação do modo de vida dos dominados, seja aglutinando grupos bem diferenciados, e às vezes até rivais, ou transmitindo o modelo de vida ocidental desenvolvido, que devia ser aceito e seguido. Assim, o discurso do ocidente, segundo observa Said, era e é, a do benefício inserido aos “atrasados”.
No outro ponto, o sentimento nacionalista é perceptível no passado e no presente. Os imperialistas visando a afirmação da supremacia e os “dominados” representando uma resistência à unificação global, onde as colônias sempre tiveram desvantagens. A globalização atual, mantém a dependência econômica, política, militar, ou ambas, exaltando uns e suprimindo outros.
Esta dualidade entre o bem e o mal é vivenciada hoje pelo ocidente desenvolvido que se declara o bem e ao outro como o mal, o oriente, terroristas, pois estes discordam da subjugação imposta pelo ocidente, adotando os mecanismos que lhes são condizentes para a resistência àqueles que são considerados como opressores (o mal).
Said e Hobsbawn não têm apenas um discurso exatamente divergente, discordam em alguns pontos, no entanto compreendem que o imperialismo deve ser estudado em todas as dimensões possíveis.



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