O Pequeno Príncipe
(Antoine de Saint-Exupéry)
Certa vez, quando ele tinha seis anos, viu a impressionante gravura de uma jibóia engolindo um animal e, com lápis de cor, fez seu primeiro desenho: uma jibóia digerindo um elefante. Como todas as pessoas grandes achavam que era um chapéu, ele fez outro, mostrando o elefante dentro da jibóia. As pessoas grandes desaconselharam-no a desenhar jibóias abertas ou fechadas. Assim ele abandonou uma carreira promissora e virou piloto de avião. Um dia foi obrigado a fazer um pouso de emergência no deserto do Saara. Adormeceu sobre a areia e só foi acordado no dia seguinte por uma criança lhe pedindo para desenhar um carneiro. Ele fez o único desenho que sabia e o pequeno lhe respondeu que não queria uma jibóia, muito menos um elefante. Desenhou, então, uma caixa com três furinhos e disse que o carneiro estava lá dentro. Era exatamente aquilo que o menino queria. O pequeno príncipe veio de um planeta pouco maior do que uma casa. Todos os dias tem de arrancar os baobás porque suas raízes podem rachar seu planeta. Por isso ele precisa urgentemente de um carneiro E se o carneiro comer a única flor que existe no seu planeta? O aviador promete que desenhará uma mordaça para o carneiro, uma cerca para a flor... Aquela flor nascera tão vaidosa e cheia de não me toques, tinha horror a correntes de ar e solicitou que ele fizesse uma redoma de vidro e também um pára vento. Apesar da sinceridade do seu amor, o principezinho logo começou a duvidar dela, não deveria tê-la julgado por suas palavras, bastava admirá-la, sentir seu perfume.
Ao que tudo indica o pequeno príncipe aproveitou a migração dos pássaros selvagens para fugir, depois de pôr todo o planeta em ordem. Ao despedir-se da flor ela pediu perdão por ter sido tola. Antes de chegar à Terra ele passa por seis planetas habitados por pessoas estranhas e solitárias. Ao descer no deserto do Saara, encontra uma serpente que fala por enigmas, sobe em uma montanha e acha que a Terra é completamente seca, pontuda e salgada. Aparece então a raposa e pede para que ele a cative, pois ele ainda é um garoto igual a cem mil outros e ela igual a cem mil outras raposas, ainda não necessitam um do outro. Se ele a cativar serão únicos um para o outro. O pequeno príncipe compreende que foi cativado por sua flor e que é responsável por ela. A raposa lhe diz adeus e deixa um segredo: só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.
Passados oito dias da pane o aviador caminha com o menino pelo deserto à procura de água. O que torna o deserto belo, diz o principezinho, é que ele esconde um poço em algum lugar. Depois de carregar o menino no colo, o aviador encontra um poço e eles saciam a sede sem pressa. Ao amanhecer o pequeno príncipe pede para que ele não se esqueça da promessa de fazer uma mordaça para o carneiro e conta que no dia seguinte fará um ano que ele caiu ali pertinho. Ele pede para que o aviador volte para o avião e o encontre na noite seguinte.
Quando o aviador retorna, no dia seguinte, vê o principezinho sentado no alto de um velho muro conversando com uma serpente amarela. Ela foge ao vê-lo, porém, tudo já foi combinado. Faz um ano esta noite e sua estrela estará exatamente sobre o local aonde ele chegou no ano passado. O aviador trouxe o carneiro, a caixa e a mordaça. O pequeno príncipe diz que à noite quando o aviador olhar o céu ele estará rindo para ele em uma estrela e será como se todas as estrelas rissem. Ele, e somente ele terá estrelas que sabem rir. Pede para o aviador não vir esta noite, pois ele parecerá estar morrendo. Quando a noite chega ele sai sem fazer barulho, mas o aviador consegue alcançá-lo. Chegando ao local o principezinho senta-se, juntamente com o piloto. “Pronto, é isso”, diz e levanta-se. Dá um passo. Vê-se apenas um clarão amarelo perto da sua perna. Não grita. Tomba devagarinho, nem faz sequer barulho, por causa da areia.
Seis anos depois o aviador relembra quando foi encontrado sozinho. Tem certeza que o pequeno príncipe voltou para seu planeta, pois não encontrou o seu corpo. Já está um pouco conformado. Gosta de escutar as estrelas à noite. É como ouvir quinhentos milhões de guizos. Lembra-se que no desenho da mordaça esqueceu-se de juntar a correia de couro! Ele não poderá jamais prendê-la ao carneiro. Terá o carneiro comido a flor? Se não tiver, ele se sente feliz e todas as estrelas riem docemente. Se tiver, todos os guizos se transformam em lágrimas. E nenhuma pessoa grande jamais entenderá que isso possa ter tanta importância!
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