Abri os olhos... doce ilusão
(DeborahAAraújo)
Abri os olhos e não conseguia acreditar no que via parecia que eu tinha dormido há séculos, meu corpo inteiro doía, sentia um vazio na alma, como se eu não a tivesse dentro de mim, minha consciência pesava toneladas.
Minhas roupas estavam rasgadas, sujas, imundas, sentia frio, meu estomago necessitava de alguma coisa, mesmo que fosse raízes de plantas, meus olhos estavam negros, negros de fome, negros de sono e profundos, tentando buscar algo. Aonde estava minha família? Meus amigos?
Meus ouvidos acostumados ao barulho, aos estrondos, as revoltas, acostumado a ouvir que sua esperança estava no fim, acostumados a ouvir a morte do próximo, o suicídio do próximo, não se queixava mais, pelo contrario estava surpreso com o que acabara de escutar.
As minhas pernas estavam fracas, quase não conseguia levantar, os meus pensamentos ainda vinham frescos como a brisa. Aonde a humanidade é capaz de ir? Haverá perdão para esse homem de família.
Meus lábios ressecados com a falta de água e com a temperatura que fazia naquele local, só conseguiam pronunciar três palavras ‘sou um vitorioso’’, e isso se repetia dentro de mim; meus dentes, a maioria estavam podres, na minha cabeça não havia mais cabelos. ..
A minha pele estava repleta de ferimentos, com marcas de sangue, as unhas compridas e sujas de terra. Meu coração estava esfarelado, mas ao mesmo tempo um sentimento de patriotismo me dominava, logo consegui dar meus primeiros passos, desviando das pessoas que estavam no chão, mortas ou desacordadas. Percebi então que eu não era a única pessoa a me levantar, outros tão fracos como eu, estavam também em pé, agora eu sabia, podia deixar meus medos e minhas armas, pois uma santa voz gritou comemorando, chorando de emoção.A guerra acabou.
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