PARÓDIA, PARÁFRASE & CIA
(Afonso Romano Sant’Anna)
EXEMPLOS E OUTRAS ANOTAÇÕES
Affonso Romano nos dá exemplo literário, para que possamos entender melhor esses conceitos: “A canção do exílio”, de Gonçalves Dias, possivelmente o poema mais parafraseado, estilizado e parodiado de nossa literatura.
Texto original: Gonçalves Dias:
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
Exemplo de paráfrase: Carlos Drummond de Andrade no poema “Europa, França e Bahia”:
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!
Exemplo de estilização: Cassiano Ricardo em “Um dia depois do outro”:
Esta saudade que fere
mais que as outras quiçá,
Sem exílio nem palmeira
onde canta o sabiá...
Exemplo de paródia: Oswald de Andrade em “Canto de regresso à pátria”:
Minha terra tem palmeira
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
Estes exemplos nos possibilita uma consideração, que pode parecer obvia, mas que é relevante: os conceitos de paródia, paráfrase e estilização são relativos ao leitor. Isto é: depende do receptor. Isso quer dizer que, a estilização, a paráfrase e a paródia são recursos percebidos por um leitor mais informado.
É preciso um repertório ou memória cultural e literária para decodificar os textos superpostos.
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