O Aprendiz de Feiticeiro
(Mário Quintana)
O Aprendiz de feiticeiro:Olhos abertos para a aventura de criar
Enquanto ouvimos desde sempre apenas rumores sobre a aventura alquimica da transformação do singelo em ouro, posso dizersão três as artes da Alquimia: A Culinária, o Amor sensual e a Poesia.
O fazer e desfazer poético tem como fim e princípio: O Aroma das coisas.
Como se pudessemos ver refletido no espelho, o aroma inquietante das rosas, no momento em que nada mais há, senão seu esqueleto.
A poesia é assim um desdizer carente e possuidor de sentido e sentidos por si só. Leio O Aprendiz de Feiticeiro, quinto Livro de Mário Quintana e após ler outros comentários e resumos, me a trevo a deixar nessas linhas: O feiticeiro luta contra o artífice, contra o arsenal da maquiagem do princípio das coisas. Não decifra, nem transmuta nada, só detém in natura a possibilidade de tudo. A Alquimia poética é a Arte do Ver. É a arte da fusão entre o observador e observado. Observador ou observado? Seé que eles existem assim tão definidos.
Vejo um poema no livro ou talvez fui visto por ele:
Momento
E, de repente,
Todas as coisas imóveis se desenharam mais nítidas
[no silêncio
As pálpebras estavam fechadas.
Os cabelos pendidos.
E os anjos do senhor traçavam cruzes sobre as
[portas.
A percepção do que é nosso, do que é íntimo, do que dilacera e nos traz felicidade ou dissabor, esse é o aroma do verso que corre e discorre somente, sendo visão para outros olhos e assim como diz Quintana:
O Poema
Um Poema como um gelo d’água bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre
[na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa
[condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Feridode Mortal beleza.
As imagens flertam com o tempo. Sua dança com o permanente e o temporário é parte de sua força transformadora. Para que possuirmos curas, ouro em quantidade, pedras filosofal se o homem não fosse desafiado pelo mutável e imutável das imagens, das formas? A imortalidade do poeta reside não na possibilidade de ser lido amanhã ou para sempre como se pudessemos dimensionar a validade e a textura desse tem,po, e sim, torna-se imortal por mostrar a mutação como um filme do preto e branco até o colorido prismático, um filme do pensado até o tênue momento em que tudo termina porque houve muito tempo percorrido.
Aprender feitiçaria é entender que o novo contém o velho e que poesia são velhas formas de dizer o novo.
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