O bicho homem
(Paulo Cézar)
Sabe-se ao longo dos anos que o homem bicho deixou de ser homem e virou bicho. Enaltecido pelo seu poder de fogo, este mesmo bicho atropela os menos favorecidos em detrimento de seus ideais. Entende-se também que os bichos irracionais quando atacam uma determinada espécie, o fazem no sentido único de sobrevivência. O bicho homem também o faz, e se o faz, em tese, deve ser com o mesmo instinto de sobrevivência. No Brasil, a grande maioria da população vive sob as garras dos bichos homens, estes guardam um relacionamento estreito com essa dita população. Conhece-se esse relacionamento como voto, e é através dessa parceria que se encontra cada vez mais crianças se prostituindo, mendigos emaranhados em viadutos, graves crises sociais, etc. O bicho homem já farto, bebe água para atacar novamente. Há de se ressaltar, que a sede do bicho homem aqui no Brasil é saciada de quatro em quatro anos. Na verdade, o povo que não virou bicho, que ainda guarda a sua racionalidade a sete chaves, tem uma grande arma em suas mãos. Faz-se necessário que se quebre esse matrimônio unilateral. É preciso salvar o homem do bicho para que o bicho não permaneça bicho, para que os bichos tornem-se homens novamente e assim ajam dentro da racionalidade. Caso isso não aconteça brevemente, teremos uma sociedade irracional. Só que, diferentemente dos verdadeiros animais, nos dizimaremos de uma forma ainda mais cruel, e só seremos bichos. Mais nada.
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