Gênero e poder
(Valéria Madureira)
As diferenças entre mulheres e homens existem e parece não haver dúvidas quanto a isso, pois algumas delas estão inscritas nos corpos. Entretanto, essas diferenças básica entre os sexos, patente na morfologia corporal, instituída pela natureza e reforçada pela ciência, passou a representar o argumento lógico e “natural” para o estabelecimento e manutenção de desigualdades sociais, atribuindo lugares, condições e status diferenciados para mulheres e homens na sociedade. É o biológico determinando o social.
A partir do questionamento feito pelo movimento feminista de que as mulheres recebiam a condição de “segundo sexo”. Desenvolveu-se um abrangente campo de estudos sobre a condição feminina e focaliza mulheres em situação de opressão de classe e de sexo.
Gênero e poder
O poder é elemento central na definição de gênero, a qual é apresentada em duas posições inter-relacionadas.
Poder não é sinônimo de repressão, noção que pressupõe a existência de um poder centralizado, dominado por um sujeito e que não dá conta do que há de produtivo no poder a identificá-lo com uma lei proibitiva. É precisamente esta face produtiva do poder que o mantém, pois ele não pesa só como uma força que diz não, mas que permeia, produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso.
Homens e mulheres são produzidos nestas relações, mas que embora isto se dê tendo como referencia um “normal” aceito como verdadeiro, é preciso ter me mente que a verdade não é absoluta e imutável, o que exclui as possibilidades de um retorno ao determinismo que, em função da biologia, atribui ao homem a posição de dominador e à mulher a de dominada, fixando-os em pólos opostos. Através disso o gênero talvez seja o primeiro campo de articulação do poder.
Analisar as relações sociais, as relações entre mulheres e homens, entre mulheres e entre homens, a partir da perspectiva do gênero, nos possibilita perceber que o que está posto não é fatalidade mas fruto de uma construção humana e, como tal, passível de transformação, o que abre perspectiva para a amenização de desigualdades com manutenção do respeito às diferenças.
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