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Espaço social e espaço simbólico
(pierre bourdieu)

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Pierre Bourdieu, sociólogo francês do séc. XX, apresenta-nos no texto “Espaço Social e Espaço Simbólico” uma introdução à obra “Distinção”, de 1979, que aborda o tema da relação entre as práticas culturais e a afirmação social.
Bourdieu enuncia, no texto em análise, as condições para uma leitura relacional, estrutural e generativa do seu modelo. As noções de espaço social e espaço simbólico não são assim examinadas em si mesmas/ por si mesmas, mas antes postas à prova na investigação, tentando o autor ultrapassar a dicotomia objectivismo/subjectivismo.
É francamente defendida a necessidade da realidade empírica na investigação de modo que, propondo-se a estudar o espaço social francês dos anos 70, a necessidade de comparação torna-se premente, de forma a apreender as variâncias e invariantes de forma a encontrar a estrutura. Assim, relembro, o investigador deve apreender estruturas e mecanismos menos óbvios, de modo a encontrar um modelo de validade universal.
O autor faz uma crítica à leitura substancialista, de senso comum, que, avaliando as práticas em si mesmas e por si mesmas - sem ter portanto em conta todo o universo que as engloba e uma contextualização eficiente -, transforma em propriedades intrínsecas e necessárias de quaisquer grupos as propriedades que lhes são incumbidas num dado espaço e tempo.
Enunciam-se assim as condições para uma leitura adequada da análise da relação entre posições sociais, habitus e escolhas operadas pelos agentes sociais em diferentes práticas.
O espaço social está constituído de tal forma que os agentes se distribuem nele em função da sua posição nas distribuições estatísticas, conforme dois princípios de diferenciação: o capital económico e o capital simbólico. Na primeira dimensão os agentes distribuem-se segundo o volume global do capital que possuem, na segunda segundo a estrutura do seu capital – peso relativo das diferentes espécies de capital no volume total. Concomitantemente, no capital económico os detentores de um forte volume de capital global opõem-se aos mais desprovidos mas, por outro lado, do pondo de vista do capital simbólico essa oposição não é tão axiomática, podendo mesmo não ser concordante. Para exemplificar, o autor aponta o caso dos professores que não sendo de todo detentores do capital económico são, ou devem ser, detentores do capital simbólico.
O espaço das posições sociais traduz-se assim num espaço de tomadas de posição por meio dos habitus – ou disposições -, pois a cada classe de posições corresponde uma classe de habitus produzidos pelos condicionamentos sociais associados à condição correspondente. Como as posições, os habitus – retraduzindo as características intrínsecas e relacionais de uma posição num estilo de vida unitário - são diferenciados mas também diferenciantes, isto é, operadores de distinções. As diferenças nas próprias práticas, bens possuídos, opiniões, etc., tornam as diferenças simbólicas e constituem-se, elas mesmas, uma verdadeira linguagem.
A noção de distinção surge assim como termo de relevo decifrando a noção de que existir no espaço é ser um ponto, é diferir, ser distinto, significar portanto. Construir o espaço social que organiza as práticas e representações dos agentes dá-nos a possibilidade de construção de classes teóricas, mais homogéneas possíveis, ao nível das práticas e disposições. Assim, ligam-se propriedades determinantes que permitem predizer outras propriedades distinguindo e reunindo agentes tão semelhantes quanto possível entre eles e, desse modo, o mais diferente possível de membros de outras classes. O modelo social define distâncias e proximidades que são preditivas de encontros, afinidades e simpatias.
A existência das classes é uma questão determinada por lutas – clara reminiscência marxiana - e negar a existência de classes seria negar a existência de diferenças. Por fim, o autor esclarece que as classes sociais não existem, de maneira que o que existe é um espaço social de diferenças no qual o conceito de classe é meramente virtual. Por tal, o espaço social engloba-nos como se fossemos pontos num eixo pois a diferença existe, persiste e é ela que, em análise, nos permite o reconhecimento das variâncias e invariantes.



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