A saga de João do Pulo
(Falkner)
João Carlos de Oliveira foi um dos maiores atletas brasileiros de todos os tempos. Porém, mesmo tendo sido recordista mundial do salto triplo, não conseguiu uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Suas glórias e seus dramas são contados na página 90 do livro "Sonhos mais que possíveis", do escritor brasileiro Odir Cunha, que reproduzimos a seguir com o consentimento do autor:
Como tantos jovens brasileiros, João Carlos de Oliveira teve uma infância dividida entre os estudos, alguma diversão e muito trabalho. Filho de Paulo e Maria de Oliveira, nasceu em Pindamonhangaba, São Paulo, em 28 de maio de 1954. Foi lavador de carros, servente de pedreiro e tocou bumbo no bloco carnavalesco Charles Anjo 45.
Aos 17 anos, com 1,89m, resolveu inscrever-se na prova de salto em altura do campeonato colegial. Saltou 1,75 e foi o décimo colocado. Mas sua especialidade, conforme descobriria com o professor Oswaldo Gonçalves, de Cruzeiro, era o salto triplo.
Aos 19 anos bateu o recorde mundial juvenil ao alcançar 14,75m, no ano seguinte saltou 16,34m no Sul-americano adulto e aos 21, no Pan-americano do México, bateu o recorde mundial, com 17,89m.
Favorito para a medalha de ouro na Olimpíada de Montreal, João não estava na melhor forma física e ficou apenas com a de bronze. Mas em Moscou, depois de ser bi no Mundial e nos Jogos Pan-americanos, tinha tudo para realizar o sonho. Só que havia soviéticos no caminho, dentro e fora das pistas.
Mais difícil do que competir com o tricampeão Victor Saneyev e o jovem Jaak Udimae, foi superar a falta de desportividade dos árbitros da prova, que prejudicaram acintosamente não só o brasileiro, como o australiano Ian Campbell, anulando nove de seus 12 saltos.
Os juízes de linha deram como queimados os três últimos três saltos de João, todos acima de 17,50m, que lhe dariam a medalha de ouro. Ele se reduzido à medalha de bronze, com 17,22m, atrás de Udimae, com 17,35m e Saneyev, com 17,24m. Anos depois, o técnico estoniano Harry Seinberg admitiu que as marcas de João tinham sido alteradas.
No final de 1981, João do Pulo sofreu grave acidente automobilístico, o que acabaria provocando a amputação de sua perna direita. Entrou para a política e conseguiu eleger-se deputado estadual. Abriu negócios que não deram certo. Morreu de cirrose hepática aos 45 anos.
O maior desafio é superar a si mesmo
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