Marta, um sonho mais que possível
(Falkner)
Marta, um drible no preconceito
Franzina, a alagoana Marta jogava contra os homens no campinho formado pelo leito seco do rio de sua cidade. Os meninos a chamavam de “macho”, mas ele prosseguiu driblando tudo e todos, até conquistar o mundo.
Na pequena Dois Riachos, cidade alagoana com menos de 12 mil habitantes, as crianças só tinham uma diversão em tempo de seca: jogar futebol no antigo leito do rio. Assim, aos sete anos, Marta começou a brincar com os meninos.
Nascida em 19 de fevereiro de 1986, filha de um cabeleireiro, com quem teve pouco contato, e de uma zeladora da prefeitura que tolerou seu gosto pelo futebol, Marta Vieira da Silva logo demonstrou uma habilidade invulgar com a bola – o que fazia alguns irados adversários a chamarem de “macho”, obrigando a intervenção dos primos da craque.
“Ouvi muitas besteiras dos homens, mas valeu a pena”, lembra ela, que mesmo com seus mirrados 1,60m e 56 quilos entortou muitos marmanjos. Depois de passar pelo time feminino do CSA, aos 14 anos já estava no Vasco, no Rio, iniciando carreira fulminante.
Aos 17 anos, com invulgar facilidade para o drible e o chute, além de notável rapidez, Marta foi a estrela da Seleção Brasileira que ganhou a medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos e chegou às quartas-de-final da Copa do Mundo.
Em 2004 comandou o Brasil na histórica campanha na Olimpíada de Atenas, quando a medalha de ouro só foi perdida na prorrogação, para os Estados Unidos, por 2 a 1. Em 2007 foi um dos destaques do Pan do Rio, título que as brasileiras conquistaram com uma goleada sobre as norte-americanas por 5 a 0. Ainda em 2007, após golear os Estados Unidos por 4 a 0, o Brasil se tornou vice-campeão mundial, perdendo a decisão para a Alemanha, por 2 a 0.
Escolhida pela Fifa como a melhor jogadora do mundo por duas temporadas seguidas (2006/07), Marta joga pelo Ümea IK, da Suécia. Avisa que não tem um salário de Ronaldinho Gaúcho, mas certamente a infância de penúria em Dois Riachos ficou para trás.
Como se já tivesse a frase na ponta da língua, ao ser instigada por um repórter para definir o que o prêmio da Fifa significava para ela, respondeu prontamente: “É uma vitória contra o preconceito”.
Não há nada que um homem faça, que uma mulher não possa fazer melhor
(este texto faz parte do livro "Sonhos mais que possíveis", do escritor brasileiro Odir Cunha).
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