Resumo de As principais funções dos geossintéticos: 7ª Parte – As geocélulas.

As principais funções dos geossintéticos: 7ª Parte – As geocélulas.
Geossintéticos em forma de célula, utilizados em obras de reforço de solos, promovem um aumento substancial na resistência ao cisalhamento e na capacidade de carga do solo.

Tem-se conhecimento que sistemas de solo confinado com geocélulas foi desenvolvido no Laboratoire Regional dês Ponts et Chausses, na Fanca, em 1980. Os primórdios da sua utilização também advém das forcas armadas dos Estados Unidos (U.S. Army – Corps of Engineers) que experimentou as mesmas em uma obra em Vicksburg, no Mississipi. Elas foram preenchidas com uma espécie de areia fina, compactadas e confinadas com placas de alumínio no intuito de aumentar a resistência do reforço. As primeiras geocélulas foram colocadas em uma estrutura em forma de colméia, com suas tiras nas dimensões de 20 cm de largura, possuindo espessura por volta de 1,2 mm. O polímero escolhido para compor a sua composição química foi o Polietileno de Alta Densidade (HDPE), material que apresentava características de deformabilidade e resistência compatível com o desejável comportamento da estrutura.
O projeto geotécnico usando o sistema de geocélula é, de certa forma, complexo. Em cada tipo deve-se atentar para o equilíbrio limite de plastificação da estrutura, como é utilizado no calculo da capacidade de carga em fundações rasas. Algumas camadas de “deployer” (tiras metálicas) são inseridas dentro da estrutura sintética no intuito de aumentar a resistência por ruptura a plastificação de uma matriz de geocélula submetida a esforços de compressão e/ou confinamento. Com este sistema, algumas estruturas podem suportar cargas móveis, do tipo Tandem, por exemplo, de até 230 kN, em ciclos de carga e descarga de ate 10.000 passagens deste tipo de eixo.
Algumas matrizes tridimensionais compostas por geocélulas podem ser perfeitamente executáveis, como é o caso da utilização destes materiais sintéticos preenchidos com brita e ou pedregulho. As células, neste caso, possuem dimensões maiores (chegando ate 1 metro de espessura), com formato poligonal, de certa forma, quadrada ou triangular. As ligações entre as células são feitas através de nós, com fios de aço ou de plástico, devidamente costuradas ou amarradas. Algumas utilizam um sistema de anéis para linkar uma célula à outra, este caso, com certa raridade.
Das inúmeras aplicações, as mesmas possuem como principal aplicação o controle de erosão, como matrizes de “soluções verdes”, além de reforço de fundações rasas e aterros no intuito de aumentar a capacidade de carga do solo mole de fundação. No entanto, sua difusão ainda e muito tímida no mercado de produtos de engenharia. Alguns fatores travam o avanço acentuado das vendas tais como o desconhecimento do seu uso, além da constante desconfiança do mercado em se utilizar sintéticos em obras de engenharia. O custo de aquisição destes materiais ainda espanta boa parte dos construtores e projetistas de engenharia, apesar da sua relação custo x beneficio ser, a longo prazo, compensatória.

Marcelo Ferreira dos Santos é um Consultor Técnico em Engenharia das Construções. Também possui um Máster in Business Administration na área da Qualidade pela UNIFACS/LAUREATES em curso.

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