Resumo de Tropa de Elite- (Elite squad) 2007

Tropa de Elite

Dos filmes produzidos no Brasil em 2007, Tropa de Elite foi o filme mais assistido e comentado. Dirigido por José Padilha, com roteiro de Rodrigo Pimentel, Bráulio Mantovani e do próprio Padilha, o filme se centra nas ações do BOPE (batalhão de operações especiais) em favelas da cidade do Rio de Janeiro.
No longametragem Tropa de Elite, policiais de vários níveis hierárquicos, bem como comandantes da corporação e também um deputado, são representados como corruptos; os jovens da classe média e alta são, por sua vez, constituídos como aliados da criminalidade, por meio de venda e consumo de entorpecentes; já os trabalhadores voluntários ou não, em ONGs são caracterizados como indivíduos inconseqüentes que se associam e coadunam com traficantes de drogas para que possam realizar trabalho social em favelas.
Na representação desse contexto de corrupção e negligência quanto à criminalidade na Cidade do Rio de Janeiro, em que as instituições que deveriam velar pela preservação da ordem se abstêm ou fazem uso do tráfico de drogas para auferir ganhos ilícitos, a ação repressiva e punitiva do BOPE (Batalhão de operações especiais) é paradoxal. Em seu trabalho de investigação, vigilância, repressão e coerção de ações criminosas, atribuições próprias à instância policial, a equipe do BOPE atua como instância punitiva e disciplinadora.
Considerando a situação como um “estado de exceção”, mediante interrogatórios, em que maus tratos, espancamentos e torturas são freqüentes, as forças especiais – grupo constituído na narrativa como único não-corrupto ou não-negligente – empreendem ações que ultrapassam suas atribuições, indo além até mesmo da instância de julgamento e de carceragem.
Uma leitura recorrente acerca das ações empreendidas pelo BOPE na sinopse, em resumos e críticas, seria que este grupo “intervem na luta contra o tráfico de drogas nas favelas da cidade” (a exemplo de O GLOBO, 18/02/2008). Contudo, as ações contra traficantes são sempre secundárias ou efeito de outros interesses, não condizendo com a representação das ações do grupo durante a narrativa. As ações do BOPE respondem a questões institucionais e corporativas: resgate e salvaguarda de policiais corruptos (que haviam entrado em favela para recolher propina); ação de retaliação contra a morte de um dos agentes especiais do grupo (com espancamento e tortura física e psicológica de traficantes).
Outras ações do BOPE estão direcionadas para a pacificação do Morro do Turuna, para que a visita do Papa ao Rio de Janeiro, em 1997, e sua estada na residência do Arcebispo do Rio, próxima à favela da Turuna, transcorresse sem riscos de uma “bala perdida” atingir Sua Santidade.
As ações do BOPE muitas vezes são empreendidas com agressões físicas e torturas em suas atuações nos morros. Interrogatório de traficante com espancamento, observado por jovens usuários de drogas. Uma outra agressão policial diante do público é o espancamento efetuado pelo policial Matias para obter informações a respeito da localização do traficante “Baiano”, que matara o Neto, o parceiro de Matias. O espancado é traficante e usuário de drogas, universitário, branco e de classe média, que participava de uma manifestação nas ruas do Rio de Janeiro pela morte de dois jovens, ambos envolvidos com traficantes por meio de ONG. Os outros manifestantes, que presenciavam o espancamento de um integrante da manifestação, não sabiam que o jovem espancado, no meio da manifestação, traficava drogas.
De fato, única atitude em proveito de um membro de classe baixa é a recuperação dos restos mortais de um jovem que dera informações ao BOPE e foi morto por outros traficantes. A ação ocorre em um momento em que o Capitão Nascimento, sabendo que será pai, se “humaniza”. Contudo, mesmo este único gesto é interrompido, pois o grupo do Capitão Nascimento é convocado a intervir em outra operação corporativa.

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