1808
(Laurentino Gomes)
A Corte Portuguesa desta época mostrava desleixo mas manobrava bem a política internacional, esquivando-se das grandes potências Mundiais ao saber gerir as suas expectativas e ambições. Em tempos de imperialismo napoleónico, um Príncipe que não queria ser Rei mas que, ao mesmo tempo, era obrigado a gerir um Império, tendo tudo contra ele, até a mulher que o atraiçoava no leito e na política. Foram tempos que marcaram profundamente ambos os Países deixando cicatrizes ainda hoje bem visíveis. Com todas as peripécias de esbanjamento por parte da Corte Portuguesa e com o aproveitamento por parte de agiotas locais, esses tempos resultaram numa metamorfose cultural que aproximou os dois Países para sempre. Sem o gordo, gorduroso e desleixado Príncipe, o Brasil não seria o que é hoje e Portugal muito menos. Embora Portugal tenha saído a ganhar, o Brasil depressa encontrou meios para ser independente e escolher o seu caminho.
Portugal mostrou com esse Príncipe que os pequenos também podem ter um Império, mas têm que manter uma flexibilidade diplomática enorme e saber contrariar a lógica das coisas. Pôr a capital do Reino numa Colónia ainda inexplorada era algo surpreendente e, creio, nunca antes seguida por nenhuma das grandes Potências Mundiais.
Para quem gosta e para quem quer gostar de História, recomenda-se a sua leitura. O autor manobra uma escrita fácil, dir-se-ia que num Português intermédio (nem muito Brasileiro nem muito de Portugal). O rigor Histórico é, sem dúvida, a base do sucesso deste livro.
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