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O Alienista
(Machado de Assis)

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Em “O Alienista”, Machado de Assis procura por em questão o conceito de loucura. Temos, na obra, basicamente quatro conceitos de loucura que, consequentemente, divide a obra em quatro fases. 1ª FASE: Quando a Casa Verde começa a funcionar e à ela são recolhidos os loucos, que são aqueles cuja a falta da razão é clara e indubitável de tal forma que não conseguem conviver em sociedade.
Daí se tem os seguintes conceitos:

SANIDADE: é o equilíbrio psíquico, a razão manifesta. Em linhas gerais, é o ser humano normal. A regra.
LOUCURA: desequilíbrio acentuado e bem visível à sociedade; falta da razão. A exceção.

Note que, embora não venha explícito na obra, a sanidade, nesta fase, admite o leve desequilíbrio, o que está implícito no conceito de loucura. Mas não estamos querendo dizer que o alienista a aceitava conscientemente. Por estar ainda no início de seus estudos sobre loucura, Simão Bacamarte ainda não tinha entrado no mérito desta questão. No último parágrafo do cap. II, Machado mostra como o alienista estudava com afinco e método. Daí começa a suspeitar que a loucura não era uma “ilha perdida no oceano da razão” e sim “um continente”. O Alienista então redefine seu conceito de loucura e se inicia a 2ª fase das internações.

2ª FASE: Nesta segunda fase o Alienista amplia seu conceito de loucura, já não a considerando como apenas a exceção, o extravagante que salta aos olhos. Percebe que mesmo as pessoas ditas normais podem ter um leve desequilíbrio, muitas vezes nem tomado como tal. Mas por menor que seja, é desequilíbrio, e portanto loucura (segundo sua nova teoria). A razão, agora, se torna exceção.
Assim temos:

SANIDADE: razão perfeita e absolutamente equilibrada.
LOUCURA: qualquer desvio, por menor que seja, desse equilíbrio.

Notem como é rígido esse conceito de razão, e como torna estreitos seus limites. E justamente por serem estreitos é que esses limites são facilmente ultrapassados, caindo-se no campo da loucura. Assim, a falta de bom-senso do Costa que o levou a perder uma fortuna; a superstição da prima deste que o considerou amaldiçoado; o enamoramento de Mateus pela sua nova casa e os devaneios poéticos de Martins Brito os levaram à Casa Verde. E mesmo Porfírio e outros revoltosos do povo, que ele recolheu à Casa não por vingança, mas porque realmente os considerava dignos de estudos.
3ª FASE: Esta fase começa quando o Alienista solta todos os loucos e manda à Câmara uma explicação.

Ele baseou sua nova teoria em fatos estatísticos, não podendo admitir que quatro quintos da população da vila fossem loucos, embora não duvidasse que fossem desequilibrados. Daí os novos conceitos:

SANIDADE: Desequilíbrio das faculdades mentais. Mente sem um equilíbrio constante.
LOUCURA: Equilíbrio mental contínuo.

Assim, todos que o Alienista verificou um comportamento equilibrado constante foram recolhidos à Casa Verde. Veja o caso do vereador Galvão, do barbeiro Porfírio, do Crispim e de um dos próprios agentes do Alienista.
Ele procurou curá-los incutido-lhes um fator de desequilíbrio, atacando a qualidade moral predominante deles.
Observe que nesta fase o certo se torna errado e vice-versa. Para o Alienista o que importava não era o certo ou o errado. O que importava era o que era normal, sanidade, e o que era anormal, loucura. Se fazer o errado é algo próprio da natureza humana, quem faz as coisas sempre certas é anormal. Portanto era dever dele, como médico e cientista, tornar essa pessoa à normalidade, incutindo-lhe, sim, atitudes imorais, mas terapêuticas.
Vejam que nesta fase todos os “loucos” são “curados”.
O Alienista repensa sua teoria.

4ª FASE: Será que os loucos curados na fase anterior eram realmente loucos?
Talvez o desequilíbrio incutido já estivesse presente de forma latente neles. Mas se o desequilíbrio já existia, mesmo que latente, então eles nunca foram loucos. Sendo assim, louco, agora, seria aquele que não possuísse nenhum fator de desequilíbrio, manifesto ou adormecido.
Assim:

SANIDADE: A mente sem o equilíbrio perfeito, total, que tem o desequilíbrio, mesmo que apenas só latente.
LOUCURA: É a mente perfeita e totalmente equilibrada, sem fatores de desequilíbrio manifesto ou latente.

Com essas definições, o alienista concluiu que “não havia loucos em Itaguaí. Ora, mas deveria haver pelo menos um. Quem se enquadraria no novo conceito de loucura. Resposta: ele, o Alienista.
Após conferir com seus amigos que não tinha realmente nenhum defeito internou-se e passou os dias estudando a si próprio a procura de cura. Morreu nesta procura, levando para a sepultura este seu último conceito de loucura.



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