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O Alienista
(Machado de Assis)

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O ALIENISTA – análise – paródia à ciência.

Na época em que Machado de Assis escreveu “O Alienista” (1882), a ciência estava em voga, desenvolvendo seus métodos de experimentação e observação da realidade. Foi a época de grandes pensadores como Auguste Conte (considerado o criador da Sociologia), Charles Darwin (naturalista que formulou a teoria da evolução das espécies), Karl Marx e outros.
Toda essa carga de pensamentos e métodos científicos influenciou a literatura. Nasce o movimento chamado Realismo, em que os escritores procuram criar personagens baseados na observação da realidade. O romance deixou de ser distração para se tornar um documento da realidade.
Na obra “O Alienista”, Machado de Assis faz uma crítica a todo esse pensamento cientifico e metodológico que predominava, caracterizado, principalmente, pela grande confiança que se tinha na capacidade da ciência em explicar os problemas do homem e da natureza. Assim ele cria uma obra que se constitui uma paródia à própria realidade. Note que parodiar uma realidade não significa deixar de retratá-la. Muito pelo contrário, parodiando se mostra, muitas vezes, o ridículo de certas situações que normalmente nos passa despercebidos. E em “O Alienista”, Machado nos chama justamente a atenção a algumas dessas situações criadas pela ciência.
Veremos que na obra, o autor brinca com a realidade, usando o que se chama de Carnavalização, pondo nomes sugestivos nos personagens, utilizando-se de referências bíblicas, satirizando e expondo o ridículo dos métodos científicos.
Vejam o discurso científico presente na obra e de como o autor o usa como parodia à própria ciência.
Cria, a princípio, uma típica figura, arquitipo, de cientista, sintetizando nele toda a metodologia e racionalismo da época. Chega a escolher a esposa não por amor, mas devido às condições físicas ideais dela, que unidas às condições intelectuais dele, teoricamente lhe concederia filhos “sãos e inteligentes”. Note aqui certa sátira às teorias de Darwin, quanto à evolução das espécies. O filho que não veio seria a síntese do que os dois tinham de melhor, um ser evoluído.
É no tratamento da loucura, contudo, que o autor faz sua maior crítica à ciência. Vejam nos estudos das fases de internação os conceitos adotados de sanidade e loucura. Vejam como o conceito de loucura evolui de um desequilíbrio acentuado a um perfeito equilíbrio. Contudo o autor consegue ligar um extremo ao outro usando de uma forte argumentação lógica, baseada nos estudos e observações do alienista. Ou seja, toda aquela “loucura” das internações era apoiada em conceitos científicos. Assim, o autor põe em questão um pensamento corrente na sociedade: que toda verdade para ser considerada como tal, devia estar apoiada e comprovada pela ciência. Apesar de todos os fundamentos das argumentações lógicas, as diversas “verdades” que surgiram sobre a loucura se mostraram insólidas. A verdade só se mostrou verdade enquanto não surgiu outra que a sobrepujasse. Ao final o único internado é o Alienista, ou melhor, a própria ciência. Sim, aqui é a ciência vista como a própria loucura.
O autor também critica o poder, a influência, que a ciência tinha sobre os representantes do povo (vereadores) e o reinado. Observe o poder de Simão Bacamarte nos quatro primeiros parágrafos do capítulo X, após a sublimação dos rebeldes pelas forças do reinado. Tudo quanto ele pediu se lhe deu. Porém, todo esse apoio não advinha do espírito científico dos governantes. Lembrem-se que a indústria estava em evolução e que a ciência era, e é, a base fundamental dessa evolução.
Um fato interessante na obra é o da alienista usar a própria sociedade como “cobaia” para comprovar suas teorias. O que vem a ser um alerta tanto à sociedade da época, quanto à atual.
Outra crítica que o autor faz da ciência se propõe a estudar as questões humanas negando o próprio homem, ou seja, aquilo que ele tem de mais humano: os sentimentos, a fé. Assim é que o alienista recolhe à Casa Verde o poeta Martins Brito e sua supersticiosa prima. “A fé é a plena convicção das coisas que não se vêem”, portanto inadmissível para a ciência. E igualmente misteriosos e inexplicáveis são os sentimentos humanos.
Apesar da distância no tempo, o leitor poderá ver que nesses aspectos a obra ainda está bem atual.



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