"A Ratinha Branca"
(Perrault)
A rainha das fadas ia organizar uma festa para celebrar a chegada da Primavera. No reino das fadas todas estavam atarefadíssimas a pôr as suas transparentes asas a brilhar e a alisar as varinhas mágicas.
Chegada a hora combinada todas dirigiram-se para o palácio nas suas belas carruagens. Só uma faltou à festa. Foi a doce Angelina, a fada dos choros como era conhecida pelas irmãs, por ter compaixão de todas as desgraças.
Precisamente nesse dia tinha ouvido crianças a chorar e dirigiu-se para a cabana de onde vinham os lamentos.
Cinco crianças choravam desconsoladamente porque os pais tinham saído na noite anterior e ainda não tinham voltado.
Depois de tratar deles, Angelina lembrou-se da festa que a rainha oferecia às fadas nessa noite, mas pensou que não fazia mal pois iria logo a seguir. Porém com o cair da noite as crianças não queriam que Angelina se fosse embora. Fez o jantar e estava a dar-lhes de comer quando ouviu um grilo a avisar de que o banquete já tinha começado e que a rainha tinha dado pela sua falta. A fada quis ir embora mas as crianças agarraram-na pela roupa a chorarem. Pensou em ir quando estivessem a dormir. Entretanto uma borboleta aproximou-se dizendo-lhe que a rainha estava ficando impaciente com a sua ausência. Preparava-se para sair quando o mais pequeno dos miúdos acordou a chorar, voltando para o tranquilizar.
Naquele preciso momento ouviu a voz colérica e zangada da rainha. Saiu precipitadamente da cabana que se esqueceu da varinha mágica, o que é uma falha muito grave para uma fada.
A rainha não lhe perdoou e condenou-a a percorrer o mundo durante cem anos transformada numa ratinha branca, pois assim poderia visitar os presos nas prisões e os pobres nas suas cabanas.Assim se por acaso algum dia encontrar uma ratinha branca com os doces olhinhos rosados, pensem que pode muito bem ser a nossa fada Angelina
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