O último Cabalista de Lisboa
(Richard Rimler)
O Último Cabalista de Lisboa
de Richard Rimler
Apesar de eu mesmo não enxergar muita graça em romances escritos por jornalistas, ou melhor, de modo jornalistico – que vem sendo a tendência fabricante de “bestas-célebres.” Achei algum sabor nesse livro. Não nego que comecei a lê-lo apenas por ser um curioso pela cultura e história judaica, e não fui frustrado nisso. Mas, um romance não é narrativa histórica, e não é isso que procuramos nele. Também não fui frustrado nisso ao lê-lo.
O livro inicia com uma estratégica “toca do coelho”: um antigo manuscrito de um cabalista, narrando a saga de sua família em meio ao cenário ameaçador da inquisição portuguesa. Um pouco antes de explodir a inquisição, o misterioso assassinato de seu tio, um mestre cabalista, é o motor da trama que o faz embarcar numa odisséia para descobrir o assassino. Os detalhes que circundam a morte do tio dão a entender que seja um suicídio, seria isso?
A crueza das narrações da carnificina nas ruas de Lisboa entrecruzada com as reflexões sobre a brutalidade e o genocídio latente na religião fazem um texto agradável de se ler. Apesar de achar que um romance deve ser saboreado sempre pelo meio, ou seja, nunca se deve queimar as páginas em busca do desfecho da trama, é inteiramente possível se desviar da paranóia do protagonista em desvendar o assassino e saborear as margens da saga.
Há também uma ironia interessante no livro sobre a inimizade mortal entre judeus e palestinos: o melhor amigo e protetor do protagonista é um árabe, amizade tão intrigante como a de Sócrates e Agatão.
Com uma comedida dose de misticismo e de fantástico entretecido com o histórico, o romance consegue ser bom, mesmo sendo escrito por um jornalista.
Resumos Relacionados
- A Biblioteca Perdida Do Alquimista
- O Jardim Do Diabo
- O Condenado
- O Outro Lado Da Meia-noite
- O Último Judeu
|
|
