Esmagando as próprias sementes
(Ana Maria Leandro)
Anjos feridos
O momento mais terrível que pode acontecer com qualquer ser vivo é aquele que ele começa a ignorar a preservação de sua própria espécie...
Toda criança é um espírito em busca do amor. Do amor viemos e para o amor devemos nos dirigir. A eternidade humana consiste em sua extensão em todos os componentes do universo e em cada estágio de nossa passagem buscamos evoluir. E a única forma possível de evolução se realiza pela vida com bases no verdadeiro amor.
Mas estamos matando nossas crianças. E estamos principalmente matando a criança que há dentro de nós. Esta criança que é alegria, que é amor, que é promessa do bem. Em todas as épocas crianças morreram, mas as mortes não naturais e em massa eram comuns nas épocas de guerras declaradas entre povos e nações. Havia sim, crianças recém-nascidas indesejadas. Mas o que era comum acontecer era o abandono destas de forma anônima nas famosas “rodas” dos conventos. Isto também até por questões de uma cultura então conservadora, que exigia a virgindade de uma mulher, ainda que não fosse esta a sua vontade, somada à inexistência de métodos preservativos de natalidade mais eficazes.
Os próprios animais exemplificam os cuidados, que a espécie tem com seus integrantes na primeira fase da vida. Eles os defendem a qualquer custo contra qualquer inimigo, porque sabem que a preservação da espécie depende desta defesa. Ao contrário disto, na espécie humana cresce a cada dia o número de assassinatos de crianças. A defesa do aborto por alguns segmentos é também a defesa do assassinato do ser ainda na fase uterina. As pessoas têm inúmeras formas de realizar o controle da natalidade de forma prévia, sem precisar recorrer ao extermínio de vidas no seu início.
Mas a violência cresce em proporções tão absurdas, que matar já não é mais um ato que se possa dizer, proveniente apenas de pessoas consideradas marginais, cruéis, ou com desvios de comportamentos, mas uma prática comum em todas as classes e níveis sociais. Embrulha-se num saco um recém–nascido ou feto e joga-se na lixeira, nos rios, em qualquer local de despejo, ou onde possam ser devorados pelos urubus.
No rastro destas mortes estas crianças vão deixando a marca do mesmo sangue que os procriou, numa história mais terrível do que foi feito em guerras mundiais. Naqueles casos os combatentes no mínimo não conheciam suas vítimas. Mas nestes casos, muitas vezes, os que matam são os próprios pais.
A marca que fica, entretanto, não é nas crianças que se foram, mas nas que ficam para conhecer a história, dos que estão lhes dando esta lição. O que poderemos esperar das futuras e mesmo atuais gerações formadas neste cenário?
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