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O caçador de pipas
(Khaled Hosseini)

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Relutei, não sei bem por que, em adquirir esta obra. Talvez por conta da fama que a precedia, pois temos visto tantos exemplos de unanimidades vazias. O fato é que me surpreendi.

Hosseini, um (por que não?) sobrevivente de uma terra inóspita, duramente castigada pelo despotismo, pelo abuso externo, e finalmente pelo extremismo que não poupa nada e ninguém, retrata com crueza impressionante as dificuldades na manutenção da vida, da amizade, do amor, da honra em um país seco, não apenas destituído do precioso líquido que sacia a sede, mas excluído dos olhos do resto da humanidade.

O Afeganistão retratado em sua obra nos faz tremer nas bases a cada página virada do livro. O homem tratado muitas vezes como lixo, distante, muito distante do luxo da vida. Em toda a obra existe uma espécie de sombra que persegue o leitor atento. Que sombra seria essa?

Amir, o personagem principal, em nenhum momento usa a máscara do mocinho de outros romances; jamais é altruísta simplesmente porque esta não é uma de suas virtudes. Revela em cada ato, desde menino, as múltiplas faces da crueldade, do ser mimado, do covarde, do pequeno déspota, da deslealdade.

A leitura aguarda um momento de reviravolta do personagem principal, quando ele, finalmente, mostraria compaixão, amizade, firmeza de atos. O coração do leitor se esvai ao perceber que as atitudes de Amir jamais mostrarão o rosto do bom moço, simplesmente porque esta não é a sua verdadeira face.

Medo, traição, desdém, e um retumbante "tapa" na cara de seu melhor amigo (mais tarde, revelado como seu meio-irmão), faz com que a gente pense: o ato encenado por Amir não se parece com aquilo que estamos acostumados a ver? Não nos é familiar a sua arrogância, silêncio e ingratidão diante daqueles que verdadeiramente nutriam bons sentimentos a seu respeito?

Amir é o espelho de muitos, muitos de nós. Tentei entender o porquê de suas atitudes e, finalmente, percebi que o incômodo reside justamente em haver uma cruel similaridade entre as atitudes de Amir e as da humanidade atual. Estão ali: o virar as costas, o cuspir no prato que comeu, a covardia, a frouxidão, a desesperança.

E é justamente aí que reside o trunfo da obra. Uma espécie de alerta para tratarmos com mais cuidado e carinho os nossos sentimentos e medirmos melhor nossas atitudes em relação àqueles que nos cercam. Por mais óbvio que possa parecer, somos mesmo peças diferentes pertencentes a uma única engrenagem.

Em meio a lamentos, tristezas, sofrimentos de um povo, vemos nos principais personagens um Norte a não ser seguido. Embora retrate em suas páginas um ambiente árido e entristecedor, a obra prima pelo alerta final. A vida sobeja para aqueles que têm atitudes, que não relegam a força do coração, por mais que estas atitudes nos custem.



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