A RAPOSA E A SARÇA - FÁBULAS
(ESOPO)
A raposa é tida como o mais prudente dos animais. Esopo é cansativo de tanto usar a raposa nas suas lições. Nesta estorinha, uma raposa está passeando pela mata e escorrega por um barranco ou uma cerca e precisou agarrar-se (ou esbarrou) nos ramos espinhentos de uma sarça. Saíu toda arranhada, é claro. Diz Esopo que ela reclamou da espinheira: Tentei sua ajuda e me machuquei toda, talvez fiquei pior do que se não o fizesse. A sarça deu-lhe a lição em troca - não se agarre a quem está acostumada a agarrar e barrar os outros... Nos tempos que atravessamos é muito comum as pessoas procurarem ajuda dos outros e acontecer exatamente isso. Esse fenômeno de enganar-se na avaliação das ajudas que estão à vista descrito com a raposa e a sarça deve ter sido usado em algum momento que seu dono, o filósofo Xantos, levou calote de alguém. Só assim se entende que Esopo usasse a raposa como a vítima da imprudência, provavelmente para não deprimir seu senhor. La Fontaine desconheceu essa estória e contou em seu lugar a da cobra que morde a lima de aço. Fedro parece que passou ao largo dessa fábula... provavelmente porque não queria elogiar seus malvados concidadãos fazendo-os acreditar que eram raposas sabidas ou que até as raposas se enganam agarrando-se a sarças. Convenhamos - raposa arranhar-se ao passar uma cerca de espinheiras, ou escorregar em um barranco, não deve ser uma coisa comum... Bem que gostaríamos de ver nossos políticos raposas abraçar uma espinheira, né?
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