O Filho Eterno de um pai "mongoloide"
(Cristóvão Tezza)
Criar um filho com Síndrome de Down já é, por si só, um desafio imenso para qualquer pai. Revelar com franqueza, porém, que chegou a desejar a morte do próprio filho para não ter de explicar ao mundo que era pai de uma criança deficiente, é um desafio maior ainda. Mas o catarinense radicado no Paraná Cristóvão Tezza conseguiu superar ambos os obstáculos em "O Filho Eterno", livro com o qual amealhou os principais prêmios literários do Brasil em 2008.
Na obra na qual conta sua vida como pai de Felipe, um jovem hoje com 26 anos, Tezza expõe com rara franqueza todos os sentimentos de um homem que não aceita ter de carregar por toda sua vida o "fardo" de criar um filho que nunca vai "crescer". A princípio, esta sinceridade extrema de Tezza nos leva a odiá-lo, mas aos poucos o leitor acaba se comovendo com a história. E este sentimento vai envolvendo o próprio pai-autor, que entre sucessivas reclamações sobre a vida e exercícios de autocrítica sem fim, estabele com o filho uma relação de afeto que, por mais que resista, com o tempo transforma-se em amor por Felipe. É o triunfo, portanto, do filho deficiente que ensina ao pai, este sim um "mongoloide", como crescer e aprender a amá-lo.
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