Albertine Disparue
(Marcel Proust)
Segundo Proust a literatura é a “vida realmente vivida”: o trabalho do escritor é apresentado como o inverso do “trabalho” pelo qual o narrador tinha construído seu amor por Albertine.
“Tendo-a sob o meu olhar, em minhas mãos, tinha eu aquela impressão de possuí-la por inteiro, o que não ocorria quando ela estava acordada. Sua vida era-me submissa, exalava para mim o seu leve sopro (...) meu prazer de ter Albertine morando em minha casa era muito menos um prazer positivo do que o de ter retirado do mundo, onde cada um poderia desfrutá-la por seu turno, a moça em flor que, se pelo menos não me dava muita alegria, também não a dava aos outros”.
Quando Marcel fica sabendo que Albertine foi embora, a reação inicial é de ceticismo, “de qualquer forma ela estará aqui esta noite. Portanto, é inútil atormentar-me”. Quando vê que ela não voltará, Marcel se desespera. Não adianta muito. Dias depois recebe a notícia de que sua amada está morta. O acontecimento, apesar do sofrimento que traz, é bom para Marcel, que pode agora se livrar do ciúme e da dependência emocional.
No segundo capítulo, um reencontro. Marcel se encanta com uma moça nas ruas. Leva alguns dias para descobrir quem é: Gilberte, seu primeiro amor. Na origem desta construção, há uma aparição, uma mancha móvel impessoal. O erro do personagem, o erro que traz o sofrimento, é o de querer individualizar essa mancha, na pessoa do ser amado único. É o erro da individualização.
Marcel vai a Veneza com a mãe, um sonho de infância. Ali, ele finalmente esquece Albertine: “A morte age da mesma forma que a ausência. O monstro a cuja aparição o meu amor estremecera – o esquecimento – de fato, como eu imaginava, acabara por devorá-lo”. Na volta para França, uma notícia surpreendente. O casamento de Robert Saint-Loup e Gilberte Swann.
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