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Almas Mortas
(Nikolai Gógol)

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  Depois de ler alguma obra de Gógol nunca mais ficamos iguais. Somos forçados a descansar em intervalos regulares, não para recuperar energia mas para repousar um sorriso que teima em não nos largar. Não é um gargalhar estridente ou arruaceiro, nem uma risota de parir lágrimas. Mas sim: um sorriso cultivado por um humor refinado, cáustico e hilariante que começa na primeira palavra de Almas Mortas e termina na última. Depois de provarmos este tipo de humor jamais nos contentaremos com a mediocridade anedótica que hoje em dia preenche os coisos literários. Os clássicos perduram no tempo e guardam incorruptivelmente uma sabedoria dourada que sorvemos desesperadamente, numa época de imediatismo e facilitismo.

Com Gógol sentimo-nos o rei, não é preciso fazer uma viagem de sonho ou ter uma casa à beira mar para nos sentirmos realizados, basta ler Gógol e experimentar o mais refinado tipo de humor alguma vez igualado ou sequer imitável. Sim, porque este é um humor tão subtil e ao mesmo tempo sarcástico e polido que nos deixa indefesos perante a estupidificadez da raça humana, enfim, de nós próprios. Aos olhos implacáveis do narrador poucos escapam: provincianos, imbecis, inteligentes, burros ou malandros. Complemento vitamínico: é saudável rirmo-nos de nós próprios, se isso não acontecer é porque alguma coisa vai mal.

Mas vamos à história propriamente dita: Tchitchikov chega a uma aldeia para comprar almas mortas, ou seja, servos que já morreram mas ainda não foram registados nos censos de óbitos. À primeira vista este negócio parece inverosímil e todos se riem com estranheza medrosa do seu negócio. O primeiro tomo de Almas Mortas resume-se aos encontros de Tchitchikov com os proprietários rurais para lhes comprar os servos mortos. O grande enigma que perdura até ao final do livro: para que quer Tchitchikov servos mortos? A mim, sinceramente, pouco me importou esta questão, porque a vida deste livro está nos diálogos e descrições das mais absurdas personagens que o mestreGógol laboriosamente inventou.

Almas Mortas resulta de uma visão violentamente satírica de Gógol sobre a Rússia anterior à abolição da escravatura. Infelizmente só restou um volume desta trilogia, Gógol queimou os dois últimos dos quais se salvaram apenas alguns fragmentos. E para escrever apenas quatro capítulos do segundo tomo demorou cerca de 10 anos.

Ocorre-me uma palavra para descrever esta obra-prima: Mordaz.
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